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Mercado Externo

Produtores dos EUA processam Syngenta por milho não aprovado na China

A suíça Syngenta deve enfrentar novas batalhas judiciais no caso de rejeição de importação de milho dos Estados Unidos pela China.

Produtores dos EUA processam Syngenta por milho não aprovado na China

A suíça Syngenta deve enfrentar novas batalhas judiciais, dessa vez em ações iniciadas por produtores norte-americanos, no caso de rejeição de importação de milho dos Estados Unidos pela China, devido à presença da semente transgênica Viptera, não aprovada pelo governo chinês. Produtores norte-americanos de 11 Estados acionaram a Syngenta em tribunais federais nas últimas semanas, cobrando perdas que eles atribuem à venda de uma variedade transgênica da companhia suíça antes da aprovação de importação na China.

As rejeições a cargas norte-americanas de milho se iniciaram em novembro do ano passado, quando autoridades chinesas encontraram a semente não aprovada. Com as devoluções, os preços do cereal foram pressionados, gerando perdas de mais de US$ 1 bilhão a agricultores dos Estados Unidos, de acordo com os documentos apresentados à Justiça. As ações iniciadas por produtores, protocoladas em tribunais distritais e que buscam o status de ação coletiva, são independentes dos processos iniciados no último mês pelas tradings Cargill e Trans Coastal Supply, que também alegam perdas na casa dos milhões de dólares após as devoluções de cargas da China.

Na sexta-feira, produtores ingressaram na Justiça nos Estados de Alabama, Georgia, Mississippi e Louisiana após ações semelhantes registradas em outros Estados agrícolas. A Syngenta afirma que as ações não têm mérito, e que a companhia tem sido transparentes sobre o processo de aprovação do milho geneticamente modificado em questão, conhecido como Viptera. “Nós continuamos acreditando que cumprimos com todas as leis, regras e regulamentações dos países nos quais vendemos nosso produto”, disse John Ramsay, diretor financeiro da companhia, em conferência de divulgação de resultados, na última quinta-feira. Advogados dos agricultores buscam indenização para compensar o alegado prejuízo com as desvalorizações do grão.

Os preços futuros do milho negociado na Bolsa de Chicago (CBOT) caíram cerca de 18% neste ano, reflexo do clima favorável às lavouras norte-americanas, que alimentaram expectativa de safra recorde no país. No ano passado, o tombo foi de 40%, também devido a uma produção recorde e recomposição de estoques. As rejeições de milho nos Estados Unidos efetivamente ampliaram a oferta no mercado, reduzindo as cotações em cerca de 11 cents por bushel, afirmam advogados nas ações movidas. James Pizzirusso, sócio do escritório de advocacia Hausfeld LLP, em Washington, e à frente do processo de alguns dos agricultores contra a Syngenta, afirma que a companhia enganou produtores. “A Syngenta não deveria ter colocado no mercado e promovido de forma agressiva a tecnologia Viptera enquanto distorcia a informação de que a aprovação da semente na China era iminente e também minimizava a importância do mercado chinês para exportações”, disse Pizzirusso.

Desde 2011, a Syngenta vende sementes Viptera para produtores dos Estados Unidos, Argentina e Brasil com a aprovação dos governos locais. A Syngenta disse que produtores não devem contar com o governo chinês para decidir qual produto usarão em suas lavouras.