O cenário negativo para os preços dos grãos na atual safra 2014/15 levou a BrasilAgro, companhia especializada no desenvolvimento de terras, a reduzir sua expectativa de área plantada para 82,2 mil hectares, ante os 83,1 mil hectares do ciclo passado.
“Fizemos uma avaliação criteriosa e optamos por não plantar em algumas áreas de primeiro e segundo ano de cultivo, que tinham produtividade potencialmente menor”, explicou Julio Toledo Piza, CEO da BrasilAgro, durante teleconferência em que comentou o balanço da empresa, há pouco. Conforme o executivo, hectares foram sacados do plantio em todas as fazendas da companhia, já que “não fazia sentido ter esse tipo de investimento para obter margens negativas”. “Nessas áreas, faremos cobertura com braquiária e crotalária”, disse.
Apesar do enxugamento de área na nova temporada, cujo plantio está em andamento, a BrasilAgro continuará a abrir terras. A previsão da empresa é transformar mais 10 mil hectares neste ciclo, sendo 4 mil no Paraguai e o restante no Brasil. A companhia já havia anunciado que detinha licenças para desenvolver 16 mil hectares, dos quais 4 mil foram abertos ainda na safra passada. “O ano será bastante desafiador, mas muitas oportunidades vão surgir e temos capacidade de investimento”, afirmou Piza.
Ontem, a BrasilAgro reportou um lucro líquido de R$ 1,58 milhão no primeiro trimestre do ano fiscal de 2015 (correspondente aos primeiros três meses ano safra 2014/15, de julho a setembro), revertendo prejuízo líquido de R$ 3 milhões no mesmo intervalo do ano passado. A receita líquida no período totalizou R$ 56,5 milhões, elevação de 39,8% na mesma comparação.
A empresa já negociou 30,2% da soja que prevê colher em 2014/15, e 19,6% desse volume já está travado a US$ 10,64 por bushel. De acordo com Piza, a tendência de baixa nas cotações da oleaginosa, em função da expectativa de ampla oferta global, ainda não provocou grandes ajustes nos preços das terras no Brasil. “Mas não tenho dúvidas de que os próximos 12 meses serão mais interessantes para aquisições [de terras] do que foram os 12 últimos. Haverá uma janela de oportunidades para a companhia repor e crescer os hectares que foram vendidos nos últimos dois anos”, concluiu.