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Commodities começam 2013 em baixa

Em janeiro, os preços de sete dos 10 produtos mais negociados nos pregões de Chicago e Nova York recuaram em relação à média do mês anterior.

As commodities agrícolas iniciaram o ano em queda no mercado internacional. Em janeiro, os preços de sete dos 10 produtos mais negociados nos pregões de Chicago (CBOT) e Nova York (ICE Futures US) recuaram em relação à média do mês anterior, aponta levantamento do Valor Data (ver gráfico acima).

Apesar do viés de alta das últimas duas semanas, os preços médios dos contratos de grãos para entrega em maio (a segunda posição de entrega, normalmente a mais negociada) recuaram para o menor patamar desde junho – antes, portanto, da escalada decorrente da seca que devastou a produção dos Estados Unidos.

De maneira geral, o mercado tem precificado a expectativa de uma grande colheita de soja e milho na América do Sul e alguma recomposição dos apertados estoques globais dessas commodities.

Em janeiro, os futuros de soja recuaram 2,71% em relação à média do mês anterior, a US$ 14,1173 por bushel. Apesar do recuo, o valor é 16,68% maior do que o registrado em igual período do ano passado.

Os contratos de milho amargaram desvalorização de 0,99% em relação a dezembro (a US$ 7,1514 por bushel), mas ficaram 12,19% acima da média registrada um ano antes. No mesmo modo, o trigo caiu 5,33% (a US$ 7,7705 por bushel) na comparação mensal, mas subiu 19,78% no ano.

Os olhos dos agentes do mercado estão todos voltados para os radares meteorológicos e o desenvolvimento final das lavouras de grãos na América do Sul – o Brasil começou a colher a safra 2012/13, mas boa parte das lavouras só vai ficar pronta entre fevereiro e março.

Embora as perspectivas ainda sejam otimistas, o pequeno volume de chuvas na Região Sul e na Argentina e relatos ainda pontuais de perdas de produção encorajaram especuladores a apostar em preços mais altos recentemente. Sinais de reaquecimento das exportações de grãos nos Estados Unidos nas últimas semanas também ajudaram a sustentar os preços dessas commodities no mercado futuro.

Por essas razões, desde o dia 11, quando atingiram a menor cotação do mês (US$ 13,44 por bushel), os contratos de soja para maio acumularam valorização de 8,7% e os de trigo, 6,1%. Em sua companhia, o milho para maio avançou 7,3% desde as mínimas do dia 7.

A manutenção do viés altista nos próximos meses vai depender basicamente do comportamento do clima na América do Sul. Em relatório divulgado ontem, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires jogou um balde de água fria sobre os traders altistas ao prever o retorno das chuvas a boa parte do cinturão agrícola nos próximos dias.

Em Nova York, os mercados de softs também registraram preços médios predominantemente mais baixos em janeiro. O suco de laranja congelado e concentrado (FCOJ, na sigla em inglês) liderou o movimento. No mês, a commodity desabou 13,07% em relação à média de dezembro, para 114,04 centavos de dólar por libra-peso. A média foi ainda 39,56% inferior àquela registrada 12 meses antes.

O mercado de suco continua a refletir a fraqueza de seus fundamentos, com excesso de oferta – sobretudo no Brasil – e a demanda persistentemente fraca nos Estados Unidos, maiores consumidores do produto. Os preços também devolveram parte dos ganhos acumulados no mês anterior, quando especuladores embutiram no preço o risco (não concretizado) de geadas durante o inverno na Flórida – o Estado americano concentra o segundo maior parque citrícola do mundo.

Os futuros de açúcar demerara recuaram pelo terceiro mês consecutivo na bolsa e atingiram o menor preço médio mensal desde agosto de 2010. Em janeiro, a commodity para maio recuou 2,41% ante dezembro, a 18,85 centavos de dólar por libra-peso. Na comparação anual, a desvalorização chega a 19,89%.

A queda dos preços do açúcar reflete o grande excedente mundial da commodity. Na semana passada, a Organização Internacional do Açúcar projetou que a oferta irá ultrapassar a demanda em 6,2 milhões de toneladas nesta safra 2012/13.

No Brasil, maior exportador mundial, a safra 2012/13 foi praticamente encerrada com um crescimento de 8,84% na produção de açúcar, estimada pela União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) em 31,3 milhões de toneladas.

Analistas estimam, porém, que as cotações estão perto de um piso. No começo da semana, a RC Consultores estimou que o preço médio do açúcar em 2013 deve ficar em torno de 19 centavos de dólar por libra-peso – 12% abaixo da média realizada no ano passado. Contudo, a decisão do governo brasileiro de aumentar a mistura de etanol à gasolina pode abrir caminho para uma recuperação do açúcar, tornando a produção do biocombustível mais atraente do que a do adoçante.

Na contramão da maré baixista, o preço médio do café arábica para entrega em maio subiu 3,18% em janeiro, para 152,87 centavos de dólar por libra-peso. Mesmo assim, o valor ficou 32,40% abaixo do registrado há um ano – a segunda maior perda entre todas as commodities agrícolas.

Os futuros do arábica foram beneficiados por compras por parte de fundos durante o rebalanceamento das carteiras deste início de ano. No mercado, predomina a percepção de que, após as perdas expressivas acumuladas desde meados de 2011, a commodity estaria pronta para uma recuperação em ano de queda na safra brasileira – 2013 é um ano de baixa produtividade no ciclo bianual das lavouras no país.

Os preços médios do algodão também subiram – 3,96%, a 78,58 centavos de dólar – em janeiro, embora a comparação anual ainda aponte uma queda de 18,54%. Os fundamentos do algodão ainda estão pressionados pelo amplo volume estocado nos armazéns estatais na China, mas a dificuldade de Pequim em leiloar esses estoques (devido à insatisfação da indústria com a qualidade do produto) tem sustentado os preços internacionais. A ideia é que as têxteis chinesas podem se ver obrigadas a comprar a matéria-prima no mercado internacional.

Na BM&F, boi e café sobem; grãos cedem

No Brasil, os preços agrícolas oscilaram sem tendência clara no mercado futuro da BM&FBovespa em janeiro. Segundo levantamento do Valor Data (com base nos contratos de segundo vencimento, normalmente os mais negociados), as cotações médias do boi gordo e do café arábica voltaram a subir após quatro meses seguidos de queda. Os futuros de etanol ficaram praticamente estáveis, enquanto os de soja e milho perderam valor.

Na média, o preço do boi gordo subiu 1,08% na bolsa paulista em relação a dezembro, para R$ 96,70 a arroba, sustentado pela maior demanda por parte dos frigoríficos para a recomposição de estoques e pela postura retraída por parte dos vendedores.

De modo geral, o mercado de boi tem se caracterizado pela estabilidade – nos últimos 12 meses, os preços futuros apresentam variação negativa de 1,66%.

Já os contratos de café arábica avançaram 2,6%, a US$ 192,24 por saca de 60 quilos, refletindo a alta dos preços da commodity no mercado internacional. Em relação a janeiro do ano passado, o produto amargou queda de 33,76%.

A expectativa de queda na produção brasileira na safra 2013/14 (ano de baixa produtividade no ciclo bianual dos cafezais) e a percepção de que os preços já atingiram um piso após as perdas expressivas acumuladas desde meados de 2011 deram sustentação às cotações.

Nos próximos meses, o mercado deve se voltar para o clima e o desenvolvimento das lavouras brasileiras, em busca de sinais mais claros sobre o tamanho da colheita, que começa em maio. Uma eventual valorização do real frente o dólar (um fator de desestímulo às exportações do Brasil) também pode dar sustentação às cotações.

Os contratos de etanol ficaram praticamente estáveis em janeiro, com elevação de 0,28% em relação a dezembro, para US$ 1.181,29. A decisão do governo de elevar a mistura do etanol anidro na gasolina deve gerar uma demanda adicional de 3 bilhões de litros pelo biocombustível, dando suporte às cotações. Em compensação, analistas de mercado trabalham com um cenário de aumento na oferta de cana-de-açúcar em 2013, o que pode neutralizar o impacto da medida sobre os preços.

Finalmente, os contratos futuros de grãos perderam força na bolsa paulista. Os futuros de soja recuaram 2,14%, para US$ 29,84 por saca de 60 quilos – na variação anual, a commodity registrou alta de 8,8%.

Já o milho desabou 6,9%, a R$ 30,07 por saca de 60 quilos. Apesar disso, o preço médio ficou 11,33% acima daquele registrado em janeiro de 2012.

De modo geral, os preços futuros dos grãos têm sido pressionados pela expectativa de uma safra recorde no Brasil. Se a previsão se confirmar, a tendência é de manutenção do viés de baixa durante os próximos meses.