Microrganismos já são peças-chave na produção de etanol e devem ganhar papel cada vez mais relevante na produção de outros biocombustíveis. Com o objetivo de reunir e divulgar conhecimentos sobre esse tema, a Embrapa Agroenergia publicou o livro “Microrganismos na produção de biocombustíveis líquidos”. O lançamento aconteceu ontem (24/04), em Brasília, na solenidade de comemoração dos 40 anos da Embrapa. Além de profissionais da instituição publicadora, a obra tem, como autores, técnicos da Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Instrumentação, Universidade de Brasília, Universidade Católica de Brasília e Universidade Federal do Ceará. A editora técnica é a engenheira química Cristina Machado, pesquisadora da Embrapa Agroenergia.
O etanol, biocombustível mais utilizado no Brasil e no mundo, é obtido por meio da fermentação, processo em que microrganismos consomem o açúcar do caldo da cana, transformando-o no álcool que abastece os automóveis – diretamente ou misturado à gasolina. Agora, o setor busca novas linhagens de fungos e bactérias que sejam capazes de degradar a parede celular de espécies vegetais ou fermentar açúcares de diferentes tipos para inserir nas usinas matérias-primas lignocelulósicas, tais como bagaço de cana, capins e resíduos de espécies florestais.
Pesquisadores estão trabalhando também para inserir os microrganismos na fabricação de biodiesel, utilizando as enzimas geradas por eles como substitutas dos catalisadores químicos empregados na reação de transesterificação. Fungos, bactérias e microalgas ainda podem ser empregados na produção de biocombustíveis que estão em fase de pesquisa e desenvolvimento, como o biobutanol e o bioquerosene de aviação. “A utilização cada vez mais ampla de microrganismos poderá contribuir significativamente no alcance da tão almejada diminuição da dependência de derivados fósseis. Ao explorar a diversidade microbiana e utilizar técnicas de biologia avançada, tanto para a melhora de seu desempenho nos processos quanto na descoberta de novos insumos, um leque enorme de possibilidades é aberto, não só no campo dos biocombustíveis, mas também no da química verde”, ressalta a pesquisadora Cristina Machado.
O livro recém-publicado contempla desde a bioprospecção e melhoramento genético de microrganismos até os processos industriais em que eles podem ser empregados. O Brasil possui a maior biodiversidade do planeta, ainda pouco explorada. Para o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, a diversidade de microrganismos é o diferencial do Brasil para se manter como líder no mercado de energias limpas e, por isso, a Unidade se dedicou à redação de um livro sobre o tema. “Nos microrganismos esperamos encontrar as soluções mais ambientalmente amigáveis, eficientes em uso do tempo e diminuição dos custos, bem como eficazes nas soluções de gargalos que limitam o setor”, afirma.
Os primeiros capítulos da publicação abordam justamente a importância da prospecção de linhagens com as características necessárias para uso industrial, apresentando também as principais estratégias de melhoramento genético. Três sessões são dedicadas à produção, imobilização, estabilização e uso de enzimas para a fabricação de biocombustíveis, especialmente etanol a partir de biomassas lignocelulósicas. A obra ainda tem capítulos específicos sobre a produção de etanol, biodiesel e biobutanol. Por fim, trata do uso de microalgas para a obtenção de biocombustíveis, em processos que estão sendo classificados como de 3ª geração.
O livro “Microrganismos na produção de biocombustíveis líquidos” está disponível na Livraria da Embrapa (http://vendasliv.sct.embrapa.br/liv4/principal.do?metodo=iniciar). Ele custa R$ 50, mas nestas duas primeiras semanas de venda pode ser adquirido por R$ 35.