Em tudo que lemos, ouvimos e enxergamos, estamos sentindo a sustentabilidade – uma palavra que, em prática, deveria estar em nosso dia a dia. Agora me digam uma coisa: será que praticamos isso ou simplesmente acreditamos que podemos fazer algo? Vocês já pararam pra pensar se fazemos isso em nossas casas – exemplo: com a reciclagem do lixo, redução do consumo de água (quem não gosta de um banho demorado ou uma banheira de hidro), diminuição do consumo de energia, o plantio de uma horta para ensinar nossos filhos que tomate não é molho de tomate e que ele não é produzido no mercado? Será que estamos pensando desta forma ou simplesmente estamos delegando essas responsabilidades ao campo ou outros pares?
Penso nisso todos os dias. Embora eu ainda não tenha filhos, mas um dia acredito que terei, será minha responsabilidade educá-los, como foi com os meus pais. Teremos que buscar maneiras de manter o nosso planeta vivo e, para isso, precisamos encontrar o equilíbrio.
Vocês devem estar se imaginando o porquê estou falando sobre isso, justamente eu: um agrônomo! Falo isso pois somos cobrados diariamente pela sociedade para sermos sustentáveis. No campo se busca isso, mas somos vistos como: “os jecas chegaram!”. Os motosserras, usuários de drogas (para não dizer agrotóxicos) envenenam nosso alimento de cada dia. Amigos, agora até os padres estão escrevendo artigos sobre sustentabilidade no agro, ou melhor dizendo: “insustentabilidade”. Não sou contra a livre expressão, de forma alguma. Porém, para falar disso precisamos entender o que é agricultura.
Não há como voltar para a pré-história. Precisamos pensar no futuro como minimizar riscos e equilíbrio com a natureza. Falar mal é muito fácil, transformar lendas em verdades, muito mais ainda. Como podemos contrapor isso? Será que todo o brasileiro que ganha um, dois, três salários, está preocupado com todo este discurso inflamado que não leva o país a lugar nenhum? Sinceramente não sei, mas acredito ainda que as pessoas das cidades tem muito orgulho do que a agricultura fez e faz pelo país. Quem não teve ou tem um familiar que vive no campo? Poucos de nós responderiam: não!
Enfim, somos cobrados e devemos ser cobrados por quem compra nossos produtos. O complicado é ver pessoas que se dizem “especialistas” em agricultura, divulgarem notícias infundadas e sem cunho verídico, notícias repetitivas, discursos vazios, comemoração por dias contra isso ou aquilo, a guerra entre índios e produtores, movimentos voltados para destruir ao invés de construir, pensando em benefício próprio, voltados a prejudicar empresas e produtores.
Vida de produtor não é fácil, como também a vida das pessoas da cidade. Mas, como disse um dos muitos heróis do campo: educação muda tudo. Se entendermos o sentido da expressão, certamente, a sustentabilidade sairá de casa e estará presente em todos os cantos do planeta.
Por José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – Andef