Em dois anos de embargo russo à carne suína gaúcha, que serão completados no próximo sábado, dia 15 de junho, o Rio Grande do Sul deixou de arrecadar pelo menos US$ 729,6 milhões em exportações do produto devido às barreiras impostas pelo país do Leste europeu. O cálculo é do pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Guilherme Risco.
O valor se baseia na média do ano anterior ao embargo. Entre julho de 2010 e junho de 2011, a receita dos gaúchos nas exportações de carne suína atingiu US$ 364,8 milhões. Mantida a mesma média, se chega a um valor aproximado. “Cabe salientar que a Ucrânia está absorvendo parte do valor que estamos deixando de exportar para o mercado russo. Mas seria melhor ainda para o Rio Grande do Sul se tivéssemos os dois mercados comprando carne de nós, o da Rússia e o da Ucrânia”, analisa o pesquisador.
Uma missão russa virá ao Brasil na primeira quinzena de julho para avaliar plantas frigoríficas que estão embargadas. Para o coordenador da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Lino Luiz Motta, a liberação de dois estabelecimentos do Paraná, em março, é um indicador de que o assunto está avançando. “Tecnicamente consideramos que este tema já está superado. A nossa expectativa é de que com esta missão os russos autorizem estes estabelecimentos a retornarem as exportações”, avalia.
Em novembro do ano passado, o Ministério da Agricultura chegou a anunciar o final do embargo, mas condições impostas pelos russos acabaram fazendo com que o acordo tivesse um recuo. Para tentar driblar a perda de arrecadação imposta pelo bloqueio dos russos, as indústrias gaúchas buscaram abrir novos mercados neste período, segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul (Sips), Rogério Kerber. O dirigente explica que os russos compensaram as exportações com compras de frigoríficos de Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina. “Esta alteração no eixo dos embarques nos deixou livre para outros mercados, o que permitiu esta troca nas exportações”, salienta.
No entanto, Kerber ressalta que houve perda na arrecadação, já que são mercados que pagam menos que os russos, como a Ucrânia, já lembrada por Risco. Mas desde março os ucranianos também decidiram fazer um embargo à carne suína brasileira após ter sido encontrada uma bactéria chamada listeria, proibida no país, em carregamento de carne congelada brasileira. “Toda semana temos notícias da queda do embargo da Ucrânia, mas não se confirma. Há indicadores de que logo deveremos ter a retomada deste mercado”, afirma Kerber.
O Ministério da Agricultura ainda espera o relatório de uma missão ucraniana que esteve no Brasil no mês de abril. Um comunicado do governo brasileiro já foi enviado para as autoridades em Kiev pedindo resposta sobre a derrubada ou continuidade do embargo.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), a ausência da Ucrânia derrubou em 18% as exportações no mês de maio na comparação com o mesmo período do ano passado. Em volume, o País exportou 43,85 mil toneladas contra 53,4 mil em maio de 2012. Em receita, a queda foi de 17,5% em relação ao ano anterior, fechando em US$ 114,06 milhões ante R$ 138,38 milhões do mesmo período de 2012.
Apesar do embargo imposto ao Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, a Rússia ainda é o principal comprador da carne suína brasileira. Em maio, o volume exportado fechou em 14,08 mil toneladas com uma receita de US$ 40,72 milhões. No acumulado do ano, os russos importaram 56,29 mil toneladas, crescimento de 28% em relação às 44,11 mil toneladas no período de janeiro a maio do ano passado.