A GranBio, empresa brasileira de biotecnologia controlada pela Gran Investimentos (holding da família Gradin), deverá inaugurar no primeiro trimestre de 2014 a primeiro usina de etanol celulósico do Hemisfério Sul, em Barra de São Miguel (AL).
A construção da unidade do chamado etanol de segunda geração, feito a partir de biomassa, foi iniciada em 2012. Inicialmente, a matéria-prima para o biocombustível será resíduo de cana — palha e bagaço — de fornecedores locais. A planta terá sinergia com uma usina de primeira geração do grupo alagoano Carlos Lyra.
Quando estiver em plena operação, o que está previsto para ocorrer seis meses após a inauguração da fábrica, a usina deverá produzir 82 milhões de litros de etanol celulósico por ano. O faturamento, que ainda depende dos preços do produto e do volume que será exportado e o que destinado ao mercado interno, está estimado em cerca de R$ 120 milhões por ano, segundo Bernardo Gradin, presidente da GranBio.
Ele afirmou que atualmente no Brasil não existe diferenciação entre o chamado etanol avançado, produzido pelo país, e o celulósico. Nos Estados Unidos, o produto celulósico vale entre 40% e 60% a mais que o convencional e a Europa acaba de anunciar que pagará um prêmio pelo biocombustível de segunda geração, conforme Gradin.
De acordo com o presidente da GranBio, a usina da empresa se somará a outras cinco no mundo a entrar em operação no próximo ano, sendo quatro nos Estados Unidos e uma na Europa. Segundo ele, hoje não existem ainda plantas produzindo etanol celulósico em escala comercial.
Gradina avalia que o custo de investimento do etanol celulósico é cerca de 25% maior que o produto de primeira geração, mas o custo de produção é 20% menor.
A GranBio pretende investir R$ 350 milhões nesse projeto de produção de etanol até fevereiro do próximo ano. Os recursos são da empresa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A empresa, ainda em fase pré-operacional, foi criada há dois anos com foco em pesquisa científica para a produção de bioquímicos, biocombustíveis e tecnologia industrial. Há dois anos, a GranBio também iniciou pesquisa de produção da “cana energia”, variedade com produção maior de biomassa, obtida a partir do cruzamento de vários híbridos disponíveis no país.
Foram importados também germoplasmas dos Estados Unidos e das Bermudas. A meta é que a cultivar tenha até 300% mais biomassa que uma variedade tradicional, com maior teor de fibra e potencial produtivo. O trabalho é feito em parceria com várias instituições, entre elas o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), e a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético).