Mato Grosso colheu a maior safra de milho de sua história e ofertou a maior produção do país, superando o Paraná. Somente como cultura de segunda safra – o cereal que somou quase 22 milhões de toneladas – o Estado passou a ser líder nacional em mais uma cultura. Porém, a posição superlativa serviu apenas para adicionar peso à safra brasileira 2012/13, pois a superprodução deixa como saldo números proporcionalmente gigantescos: alta de 46% sobre o frete e perda de 45% no preço da saca, quando comparados com o fechamento do ciclo 2011/12. Outro dado negativo é que a saca do milho encerrou agosto com o menor preço do ano, despencou mais de 41% ao passar de R$ 18,70 em janeiro para R$ 10,93 no mês passado.
Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), na safra passada quando foram colhidas 18,49 milhões de toneladas, o custo médio no Estado para o transporte de uma tonelada de Sorriso (503 quilômetros ao norte de Cuiabá) ao porto de Santos (SP) estava em R$ 205. Neste ano, chegou a R$ 300, o gerou alta anual de 46%. Por saca, o custo com frete abocanhava R$ 12,30 no ano passado e nesta safra corroeu cerca de R$ 18.
Neste mesmo período, a saca que fechou agosto de 2012 cotada acima de R$ 20 em qualquer praça do Estado, foi a R$ 10,93 no mês passado, recuo de 45,35%. O atual patamar de preços, R$ 10,93, além de estar mais de R$ 2 abaixo do preço mínimo do governo federal (R$ 13,02), é o menor valor do ano no Estado. Em janeiro a saca foi a R$ 18,70, teve pico de R$ 18,90 em fevereiro e desde então veio se desvalorizando.
Toda essa movimentação se refletiu na dinâmica das vendas. Em agosto do ano passado, como registrou o Imea, mais de 88% da safra estavam comercializados, a maioria de forma antecipada, ou seja, antes da colheita. Até o final do mês passado, mais de 55% da produção seguiam à espera de mercado no Estado e abarrotando os silos, ou depositadas ao relento.
Conforme os analistas do Imea, os produtores seguem buscando sustentações nos leilões que estão sendo realizados. “Apesar dos leilões, os preços oferecidos seguem não atingindo preço mínimo em muitos municípios, fazendo com que os produtores continuem segurando seu milho na expectativa de uma alta nas cotações. Os altos custos com o frete também influenciam os negócios do cereal, justificando a lentidão no ritmo de vendas”. Em 2014 novos picos para o frete de grãos são esperados, visto que boa parte do milho ainda não estará escoada e a projeção é de elevação na produção de soja.
“Não é mais novidade que os preços do milho em Mato Grosso vêm apresentando uma queda significativa nos últimos meses. Essa queda dos preços se deu, sobretudo, devido à grande oferta de milho no mercado”.