Com a proposta de acelerar a velocidade de disseminação dos melhores genes na cadeia de produção e elevar a rentabilidade e competitividade do suinocultor, chegam ao mercado brasileiro nos próximos 15 dias as primeiras doses de sêmen produzidas pela nova Unidade de Disseminação de Genes (UDG) da Agroceres PIC, no programa chamado Genética Líquida. A unidade foi inaugurada em Fraiburgo, na região oeste de Santa Catarina, Estado líder do ranking de produção de suínos do país. O investimento na unidade totalmente automatizada foi de cerca de R$ 10 milhões. A Genética Líquida já é largamente usada nos planteis da Europa e dos Estados Unidos, onde é responsável por 90% dos reprodutores comercializados.
Alexandre Rosa, diretor superintendente da empresa, diz que a nova tecnologia proporciona às granjas um alto ganho de valor genético porque apenas os machos com genes superiores são escolhidos como reprodutores. Com isso, afirma, o produtor tem animais com mais velocidade de crescimento, mais eficiência na conversão alimentar, mais rendimento de carcaça e mais reprodução.
Instalada em uma área de 113 hectares e com 2,5 mil metros quadrados de área construída, a UDG de Fraiburgo é a maior e mais moderna da América Latina, segundo a empresa, tendo atualmente 400 reprodutores, mas capacidade para abrigar 700. Além dos galpões de inseminação e do laboratório, a unidade possui área de quarentena obrigatória e de descarte de animais. Por meio da inseminação intrauterina,a UDG Fraiburgo tem capacidade para produzir até 1,1 milhão de doses por ano.
Segundo Henrique Fries, coordenador do programa de Genética Líquida, o suinocultor leva vantagem com o método por não precisar manter um macho reprodutor em sua granja nem uma central de inseminação artificial. As doses de sêmen coletadas na UDG com rígido controle de qualidade, processadas no laboratório automatizado e armazenadas na temperatura ideal chegam às granjas em carros equipados com conservadoras, que mantêm a temperatura do produto entre 16 e 18 graus. O prazo de validade de cada dose é de 4 dias. Fries informa que a tecnologia não prevê aumento de produção, mas proporciona lucros maiores. “Com a genética líquida, a rentabilidade é incrementada em até R$ 3 por animal.”
Os ganhos serão divididos com a empresa, que instalou um processo de cobrança de royalties mensal por leitão desmamado produzido com a genética líquida. “Nossa remuneração é com base na produtividade do nosso parceiro. Se a granja produz menos, nós vamos ganhar menos. Se produzir mais, nós também ganhamos mais”, diz Rosa.
Para ele, genética líquida é um caminho sem volta na suinocultura brasileira, que vem ganhando em qualidade e produtividade. “Nossa meta é, em 5 anos, ter material genético produzido pela Agroceres PIC em 50% do plantel suíno do país.” Atualmente, a marca comercializa 3.200 machos reprodutores por ano e está presente em 38% do plantel.
O foco da UDG Fraiburgo é atender a demanda de multiplicadores de material genético da Agroceres e os clientes multiplicadores de rebanho fechado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
A empresa de melhoramento genético de suínos, que tem sede em Rio Claro (SP) e é líder de mercado, foi criada em 1977, resultado de uma parceria da Agroceres com a PIC (Pig Improvement Company), da Inglaterra. Anualmente, faz três importações de animais de elite para compor seu plantel genético, que tem um descarte anual de 80% a 100%.
Além da UDG de Fraiburgo, a Agroceres PIC possui uma unidade em Presidente Olegário (MG), que foi modernizada em 2009 e mantém 80 machos no Programa de Genética Líquida. A empresa tem planos de instalar mais duas UDGs ns próximos dois ou três anos. “Mas, nessas novas unidades, vamos nos associar a parceiros que banquem a estrutura porque nosso negócio é alta tecnologia”, afirma o superintendente.
Em abril do ano passado, a Aurora Alimentos também inaugurou em Chapecó (SC) uma UDG para produção de sêmen suíno para o seu complexo agroindustrial, com capacidade para 470 machos doadores. O investimento anunciado foi de R$ 2,3 milhões. A meta é produzir 520 mil doses de sêmen por ano e atingir um rebanho aproximado de 105 mil matrizes tecnificadas, o equivalente a 61,40% da base produtiva da Coopercentral Aurora.