No dia 20 estará ocorrendo um leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural – Pepro -para aquisição de 550 mil toneladas de milho produzido no Mato Grosso e que terá como destino preponderante a região Sul, para abastecimento das agroindústrias.
Tomemos, para argumentar, a cidade de Sorriso (MT) na ponta da produção e o oeste catarinense – que tem forte presença na oferta de proteínas animais – na do consumo. O preço mínimo para o milho na região de Sorriso é de R$ 13,02. O prêmio que a União propõe-se a pagar, na referida região, para que o produtor receba o valor previsto na PGPM, foi estabelecido em R$ 2,70. Desta forma, o comprador deverá pagar, no mínimo, R$ 10,32 ao vendedor para que o mesmo, somando-se o prêmio de R$ 2,70, receba os R$ 13,02.
O frete para transporte do produto de Sorriso ao oeste catarinense é de aproximadamente R$ 14,00. A indústria pagará R$ 10,32 ao produtor e mais R$ 14,00 de frete, totalizando um desembolso de R$ 24,32, o que corresponde ao valor que pagaria pela aquisição do produto oriundo da região onde está estabelecida. Acresça-se a este valor os R$ 2,70 pagos ao produtor pelo Tesouro Nacional, como prêmio. Teremos um total de R$ 27,02.
Diante de tal quadro, a indústria estará pagando ao produtor 38% dos R$ 27,02. O Tesouro pagará 10% do mencionado valor e o frete absorverá 52%. É uma distorção, que resulta da distância e das dificuldades com logística para a colocação do milho oriundo da principal região produtora, com destino à altamente consumidora.
Como, atualmente, o preço da soja corresponde a três vezes o do milho, a tendência é a opção pelo plantio da oleaginosa e a diminuição da área de plantio de primeira safra 2013/2014, o que aumentará a dependência das agroindústrias do produto resultante da segunda safra.
Diante deste quadro, é fundamental que o poder público se empenhe para a imediata implantação da necessária infraestrutura que ofereça condições de uma eficiente gestão logística, para que o produto saia da origem e chegue ao destino com diminuição dos custos.
Diminuindo o valor do frete haverá menor necessidade das intervenções, com recursos públicos, para garantir preço mínimo. De outra parte, os compradores poderão adquirir milho por preço menor.
As soluções devem ser buscadas, mas, podem não ser tão rápidas quanto desejamos. O estímulo à construção de armazéns, que pode ocorrer com prazos curtos, será uma forma de regular a movimentação das safras. Os investimentos nos diversos modais de transportes, diretamente pelo poder público ou regime de parcerias, são urgentes.
As entidades representativas das áreas de produção e consumo precisam buscar soluções conjuntas, reivindicando com força junto aos governos e propondo-se a imprescindível interação, para minorar os efeitos desta situação complicada.
Por Odacir Klein, advogado e profissional da área contábil. É sócio da Klein & Associados e coordenador do Fórum Nacional do Milho.
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