Daqui pra frente ver a chuva caíndo sobre o milharal verdinho é o que todo produtor espera.
A lavoura de Elói Sipi foi semeada no fim do mês de agosto, na expectativa de ser colhida em janeiro. O clima tem favorecido, mas o preço não anda nada animador.
Quem chegou a vender a saca de 60 quilos do cereal a R$ 30 na última safra, agora se depara com uma média bem abaixo deste valor, R$ 18. Por causa disso, o produtor diminuiu pela metade a área de milho e resolveu abrir mais espaço para a soja.
Em todo o estado, o cenário não deve ser diferente. A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento calcula para esta safra uma redução de 19%, o equivalente a 165 mil hectares.
De março à agosto desse ano, o preço da saca do milho baixou cerca de 23%. Para não sair no prejuízo, muitos produtores já estão se programando para estocar o produto e não vender enquanto o preço não subir.
Segundo os especialistas, a desvalorização do grão se deve a alta produção do Brasil na safra passada e também à produção norte-americana.
“O Brasil acabou de ter uma produção fantástica de milho, a Europa também, a China, como sempre, produziu muito, então os estoques mundiais estão aumentando e a pressão nos preços deve continuar, pelo menos, em médio prazo”, explica Pedro Dejneka, analista de Mercado de Chicaco/EUA.
Izaque Benso, que começou o plantio agora, está de olho na movimentação do mercado mundial. Ele comprou semente para plantar 80 hectares acreditando que o preço ia reagir, mas como por enquanto isso não aconteceu, ele já se programa para armazenar o produto depois de colhido e esperar para comercializar só quando o grão voltar a casa dos R$ 20 a saca. “Quem vende a semente já está ganhando dinheiro na certa, quem vai comprar a produção também, o único que fica esperando e não sabe se vai ter lucro ou não é o produtor”, diz.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos calcula que a produção mundial de milho deve chegar a 956 milhões de toneladas, 11% mais que no ano passado.