A dinamarquesa Novozymes começou a prospectar o melhor local para construir sua primeira fábrica no Brasil dedicada exclusivamente à fabricação de enzimas para produção de etanol celulósico.
Segundo Pedro Luiz Fernandes, presidente da empresa para a América Latina, o empreendimento, cujo investimento pode chegar a US$ 300 milhões, será construído para atender inicialmente à demanda de dois projetos que deverão entrar em operação em 2014 no país: o da GranBio, controlado pela família Gradin, e o da Raízen, maior processadora de cana-de-açúcar do Brasil. “Somente esses projetos já justificam a construção da fábrica”, diz Fernandes.
Segundo ele, três Estados estão sendo avaliados para receber a nova fábrica: São Paulo, Minas Gerais e Paraná. O ideal, continua, seria que a unidade fosse implantada em São Paulo, onde está a maior parte das usinas de cana do país. “Mas os incentivos concedidos pelos Estados serão decisivos na escolha “, afirma.
A planta deverá começar a ser construída em 2014, com previsão para a conclusão da primeira etapa em 2016. Até lá, os clientes do Brasil serão atendidos pela produção de enzimas na fábrica de Blair, nos Estados Unidos, que foi inaugurada no ano passado a partir de investimentos de US$ 250 milhões.
A unidade no Brasil, explica Fernandes, será construída em módulos, de forma que a capacidade instalada poderá ser ampliada na medida em que a demanda crescer. A partir de 2014, a demanda por enzimas dos dois clientes no Brasil será a necessária para produzir 122 milhões de litros de etanol celulósico. A enzima é usada basicamente para “quebrar” as moléculas de carbono do bagaço e da palha, extraindo da biomassa açúcares para serem usados na produção do biocombustível.
Mas as pioneiras não vão parar aí. A GranBio, além da primeira planta, com capacidade para fabricar 40 milhões de litros por ano, tem em projeto a implantação de outras três usinas de etanol celulósico, duas unidades bioquímicas e duas biorrefinarias flexíveis, que podem produzir tanto etanol de segunda geração como bioquímicos.
No caso da Raízen, a primeira unidade de etanol celulósico será implantada na já existente usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP). Mas o grupo vê potencial para implantar unidades de segunda geração em cada uma de suas 24 usinas de cana. Há em vista, ainda, o projeto de etanol celulósico da Petrobras – que deverá, inicialmente, significar uma capacidade anual de produção de 40 milhões de litros, mas cujos detalhes ainda estão sendo definidos.
A Novozymes está no Brasil há 25 anos com a produção de enzimas para diversas aplicações, voltadas às indústrias de detergentes, têxtil, ração animal, couro, bebidas e alimentos. Além de contar com uma unidade em Araucária (PR), a multinacional também produz em uma fábrica em Quatro Barras (PR) inoculantes para a fixação de fertilizantes.
Fernandes afirma que ainda não pode divulgar a capacidade que terá a nova unidade. Mas, será a maior do Brasil, diz o executivo e, tem potencial, portanto, para “brigar” de igual para igual em faturamento com os outros negócios de enzimas da companhia no Brasil. Globalmente, a Novozymes faturou US$ 2 bilhões em 2012 – 10% na América Latina.
As pesquisas com enzimas para produção de etanol celulósico começaram há 13 anos em laboratórios da Novozymes na China, Dinamarca, EUA e Brasil. Em 2005, foi lançado o primeiro “coquetel” de enzimas para este fim e, desde então, seu peso no custo final do etanol celulósico caiu, diz Fernandes. “Usinas em escala de demonstração estão com custo final de R$ 1,20 por litro”.