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Trigo pode entrar na lista de retaliação aos EUA na disputa do algodão

Se confirmada amanhã pela Camex, a entrada do trigo na lista de retaliação pode limitar as fontes de importação do cereal pelo Brasil.

Trigo pode entrar na lista de retaliação aos EUA na disputa do algodão

O trigo pode entrar na lista de produtos dos Estados Unidos que serão sobretaxados ou terão patentes quebradas no Brasil dentro processo de retaliação que deve ser anunciado amanhã pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) brasileira, segundo avalia o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

A retaliação é uma resposta ao descumprimento pelos Estados Unidos de um acordo feito na Organização Mundial do Comércio (OMC) que determinou que o governo americano pagasse US$ 147 milhões anuais de ressarcimento aos produtores do Brasil pelos subsídios que os americanos concedem a seus produtores de algodão.

Segundo Haroldo Cunha, presidente do IBA, criado para receber e gerenciar os recursos recebidos pelos Estados Unidos, o governo brasileiro deve aprovar a entrada do trigo na lista de retaliação aos Estados Unidos. “Há uma discussão no governo sobre o assunto, pois este ano, com a falta do trigo argentino, o cereal americano foi a principal alternativa. Mas há um entendimento do governo de que é preciso o trigo estar na lista”, afirma Cunha.

Se confirmada amanhã pela Camex, a entrada do trigo na lista de retaliação pode limitar as fontes de importação do cereal pelo mercado brasileiro. Historicamente, o Brasil, que é um dos maiores importadores de trigo do mundo, é altamente dependente de compras do cereal da Argentina. No entanto, em 2013, o Brasil teve que buscar o cereal em outros países, principalmente nos Estados Unidos, pois a safra argentina (e a brasileira) foi reduzida. Devido a essa escassez, o governo brasileiro retirou temporariamente o imposto de 10% incidente nas importações do cereal de fora do Mercosul.

De janeiro a setembro deste ano, o Brasil importou 1,955 milhão de toneladas de trigo americano, o equivalente a 37% do total importado pelo país no período. No mesmo intervalo do ano passado, a compra de cereal americano foi de cerca de 32 mil de toneladas.

Procurada, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) informou que somente vai comentar o assunto amanhã, após a decisão da Camex. Mas em entrevista em outubro deste ano, o presidente da entidade, Sérgio Amaral, disse que será inevitável importar trigo de fora do Mercosul em 2014. Isso porque não haverá oferta suficiente nos países do bloco para atender a demanda brasileira.

O pagamento dos Estados Unidos aos produtores de algodão do Brasil começou em março de 2010 e deveria seguir até que fosse aprovada uma nova lei agrícola nos Estados Unidos (Farm Bill) condizente com as regras da OMC. Pelo acordo, os depósitos deveriam ocorrer mensalmente, no entanto, no mês de setembro o pagamento foi de um valor parcial — de US$ 4,7 milhões, ante o valor devido de US$ 12,2 milhões. Em outubro, o pagamento não foi feito, segundo Cunha. Desde março de 2010, foram depositados US$ 500 milhões.

O presidente do IBA afirmou que o setor algodoeiro do Brasil espera que a retaliação aos Estados Unidos seja aprovada amanhã pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).