Com o embargo da Rússia às carnes brasileiras em 2011, a expectativa da indústria processadora de suínos é de diversificação dos destinos este ano. A Ásia é a maior aposta para sustentar as exportações brasileiras em 2012. “Se juntarmos as vendas de China e Hong Kong, hoje, o volume já ultrapassa aquele destinado à Rússia”, disse Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
Em 2012, Hong Kong terá papel ainda mais preponderante. As vendas para a região autônoma deverão superar as destinadas à Rússia em 2012, afirmou o executivo. Também há grande expectativa quanto à China. Três plantas, da BRF – Brasil Foods, da Marfrig e da Aurora, já podem exportar diretamente para o país. A unidade da Marfrig foi a primeira a realizar os embarques, em novembro. Mais 13 unidades esperam uma primeira seleção do Ministério da Agricultura para que os pedidos de habilitação sejam solicitados às autoridades chinesas. Outras cinco, já vistoriadas, esperam autorização para vender àquele país.
De acordo com Camargo Neto, embora as perspectivas de exportação para o Oriente sejam muito favoráveis, a indústria brasileira ainda conta com a Rússia. “Se reabre a Rússia, se eleva a China, fatalmente aumentará consideravelmente o volume exportado”, disse. “Já houve anos em que vendemos ao mercado externo 605 mil toneladas. Exportar 620 mil, 650 mil toneladas não é impossível. É só a Rússia voltar a comprar e a China habilitar mais fábricas. E temos oferta para atender tudo isso”, declarou. Em 2011, as exportações de carne suína brasileira devem alcançar 520 mil toneladas, queda de 3,7% ante as 540 mil toneladas vendidas ao mercado externo em 2010.
A Rússia proibiu a importação de carnes suína, bovina e de aves de 85 unidades brasileiras em 15 de junho de 2011, mas as exportações de suínos foram as mais prejudicadas pelo embargo. Com as restrições, apenas uma unidade continuou a vender para aquele país. Em 2010, os embarques à Rússia representavam 43,30% do total da carne suína vendida ao exterior. Até novembro de 2011, o volume das exportações caiu 44,52% e a fatia do país nos embarques brasileiros de suínos diminuiu para 25,77%.
Outros mercados
Japão e Coreia do Sul também podem se transformar em novos compradores da carne suína brasileira. Esses mercados devem ser abertos no primeiro semestre deste ano, embora a expectativa é de que os embarques de fato demorem a ocorrer.
Fora da Ásia, a carne suína brasileira pode chegar aos Estados Unidos este ano. O estado de Santa Catarina obteve da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) o status de região livre de febre aftosa sem vacinação em 2007, mas os EUA sempre adiaram o reconhecimento dessa condição. Em novembro de 2010, as autoridades sanitárias norte-americanas deram aval às importações de carnes suína e bovina in natura, mas ainda há pendências a resolver para que os embarques sejam iniciados. “O volume de exportação não deverá ser significativo, mas os Estados Unidos serão referência para outros mercados autorizarem importações de suínos do Brasil”, disse Camargo Neto.