Na última sexta-feira a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban) se reunirá com um dos mais influentes dirigentes da China, o vice-primeiro-ministro Wang Qishan. Brasil e China vão discutir um plano para orientar a relação dos dois países nos próximos dez anos.
A Cosban, criada para garantir fôlego às conversas dos dois países e evitar que sejam abafadas pelos atritos comerciais, tem 11 subcomissões distintas, que tratam de temas como finanças, comércio, cooperação espacial, agricultura e educação.
Algumas dessas comissões não conseguiram sequer se reunir, como a de cultura. Outras avançaram, como a de educação, que pode levar ao envio de estudantes brasileiros aos centros tecnológicos chineses, e a de finanças, que abençoa a cooperação entre a BM&F Bovespa com a bolsa de Xangai.
Na sexta-feira, Dilma reuniu seus ministros com interesses nas 11 subcomissões da Cosban, para decidir o que será prioritário e o que nem entrará nas conversas com a missão liderada por Wang Qishan, a ” pessoa a quem os líderes chineses recorrem para entender os mercados e a economia global”, nas palavras do ex-secretário do Tesouro americano Henry Paulson, ao comentar sua eleição como uma das cem pessoas mais influentes de 2009, pela revista Time (esse detalhe faz parte das instruções para a Cosban recebidas pelos integrantes do governo brasileiro).
Os chineses vêm anunciando investimentos bilionários no Brasil, e diversificaram sua área de atuação, antes concentrada em mineração, agricultura e petróleo.
Pretendem fabricar carros, caminhões e motocicletas e entram pesadamente no setor de linhas de transmissão de eletricidade. É crescente a presença econômica dos chineses, que em janeiro foram momentaneamente ultrapassados como maior mercado brasileiro pelos Estados Unidos.
Instalada em 2006, a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível deveria reunir-se a cada dois anos, mas só agora faz sua segunda reunião, quando deverá avaliar o que se conseguiu no plano de metas dos dois países para 2010 a 2014.
O tom da autoridades deve ser otimista. Mas as medidas concretas que anunciarem darão a medida das atuais relações entre China e Brasil.