Dos 51,5 mil frangos dos três aviários da família Miotto, 6.500 morreram. O maior índice de mortes na propriedade foi no aviário que alojava 12 mil frangos e quase 5 mil não resistiram ao calor depois de uma queda na energia elétrica. “A situação é de desespero porque a gente via os pintinhos morrendo de calor e se amontoando e não tinha o que fazer”, disse Maristela Miotto.
Essa situação foi registrada em pelo menos seis municípios do oeste catarinense. As aves precisam do sistema de refrigeração e umidificação das granjas, ligado à energia, para suportarem as temperaturas mais altas.
Na primeira semana de fevereiro, um cabo de distribuição de energia elétrica se rompeu deixando toda a região sem o serviço por cerca de três horas. Quando o problema foi registrado, os termômetros marcavam quase 40º, bem diferente do ideal para os animais, que seria até 28º. A estimativa da Associação dos Criadores é de que aproximadamente 800 mil aves tenham morrido por causa do calor.
Ocorrência
Um levantamento preliminar feito pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina aponta um prejuízo de pelo menos R$ 1,2 milhão. São perdas que os produtores já se organizam para cobrar da companhia responsável pelo fornecimento de energia elétrica. “Registramos um boletim de ocorrência e vamos tentar via judicial o ressarcimento”, comentou Maristela.
Os criadores podem, individualmente, entrar com um pedido de ressarcimento na companhia. Os que preferirem, podem recorrer ao Sindicato dos Criadores de Aves de Santa Catarina. “Vamos entrar com uma ação administrativa pedindo ressarcimento. A medida é administrativa. Então, esperamos de 30 a 40 dias. Se não houver o ressarcimento, temos de tomar outra medida. E a medida é judicial”, disse Mauro Zandavalli, vice-presidente do Sindicato dos Criadores de Aves de Santa Catarina.
A companhia de energia disse que receberá e analisará as solicitações. Para isso, no requerimento, precisa constar o laudo de um especialista atestando a causa da morte das aves e o detalhamento dos prejuízos. Os pedidos passarão por uma comissão interna da empresa. “Eles vão ser analisados pelo aspecto técnico do fornecimento de energia elétrica e da questão jurídica. Evidentemente, pode ser ou não deferido, mas será devidamente analisado”, afirmou Valentim Ghisi, chefe da Agência Regional da Celesc.