Uma das maiores companhias de grãos de capital nacional do país, a Caramuru Alimentos, com sede em Itumbiara (GO), está investindo R$ 80 milhões para ampliar em 60% sua capacidade de processamento de soja para a produção de farelo e óleo, inclusive para biodiesel. Parte do aporte é financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Esse projeto de expansão teve início no fim de 2010, com o arrendamento de uma unidade industrial em Sorriso, Mato Grosso, cuja modernização continua em andamento. De acordo com César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru, quando estiver em seu “estado da arte” a planta terá capacidade para processar aproximadamente 300 mil toneladas de soja por ano.
O executivo informa que o arrendamento tem prazo de dez anos. A fábrica é focada em produção de farelo e extração de óleo, mas depois que a assumiu, a Caramuru também implantou uma linha de lecitina de soja, proteína de elevado valor agregado, neste caso não transgênica, normalmente comercializada como suplemento alimentar ou para fins medicinais.
Sorriso é um dos polos de produção de grãos mais importantes do médio-norte de Mato Grosso, e a fábrica arrendada pela Caramuru também deverá fortalecer a estratégia de originação de grãos da empresa na região. Em parte, foi o que a atraiu para um arrendamento, já que, tradicionalmente, a companhia prefere construir suas unidades.
Em obras está uma nova planta localizada no complexo da Caramuru em Ipameri, em Goiás, que terá capacidade para processar 450 mil toneladas de soja por ano. Uma usina de biodiesel, produto que vem ganhando peso nos negócios da empresa nos últimos anos, já funciona no local.
Segundo Sousa, o farelo produzido na planta, que deverá entrar em operação em um ano e meio, será destinado sobretudo a fábricas de rações e criadores de bovinos da região. Serão criados 200 empregos diretos para a operação e a manutenção da unidade, e a empresa estima que outros 1.000 postos indiretos de trabalho poderão ser gerados em serviços de transporte e reflorestamento, entre outros.
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Se a partir do município de Sorriso a ideia é escoar parte da produção pelo Norte, desde que a BR-163, até Santarém, no Pará, seja de fato concluída com boas condições de tráfego, desde Ipameri o objetivo é utilizar ferrovias para acessar ou o porto de Tubarão, no Espírito Santo, ou o de Santos, no litoral paulista.
Em suas unidades, a Caramuru mantém a aposta de processar apenas grãos não transgênicos, matéria-prima para seus produtos vendidos no varejo, como óleos e bebidas à base de soja. O mesmo vale para o milho, processado na fábrica da companhia em Apucarana, no Paraná. A empresa só trabalha com transgênicos quando se trata da exportação direta de grãos, que responde por 20% a 25% do volume total de soja originado.
Além das fábricas citadas – em Sorriso, Ipameri e Apucarana -, a empresa também conta com fábricas em Itumbiara, onde está sua sede, e em São Simão, Goiás. Em Itumbiara, a Caramuru processa girassol e canola.
Com os investimentos em curso na ampliação do processamento de soja, a capacidade total da companhia passará das atuais 1,23 milhão de toneladas por ano para 1,98 milhão de toneladas. César Borges de Sousa afirma que esse salto se refletirá em crescimento de faturamento, que em 2011 alcançou R$ 2,27 bilhões, praticamente o mesmo patamar de 2010.