A crise econômica mundial “com certeza” afetará o bolso do brasileiro, na opinião de 42% da população, segundo pesquisa divulgada ontem pela Cetelem BGN, empresa do grupo BNP Paribas em parceria com a Ipsos Public Affairs. Outros 26% disseram que “talvez” seus efeitos serão sentidos; 18% disseram que não, e 14% não souberam responder. Além disso, para 22% dos entrevistados, o quadro econômico afetará muito o consumo de sua família, ocasionando a redução de todos os gastos, primordiais ou não.
A ameaça de impacto da crise na economia brasileira foi um dos motivos da queda na intenção de compra dos entrevistados, segundo os executivos da Cetelem BGN. Em 9 de 12 categorias de bens e serviços, como eletrodomésticos, carros, computadores, telefone celular e lazer e viagem, foi verificada queda na intensão de consumir neste ano, na comparação com 2011. As exceções ficaram por conta das categorias “propriedades”, “equipamentos esportivos” e “moto”, que ficaram estáveis.
Para Miltonleise Carreiro Filho, vice-presidente do Cetelem BGN, o resultado indica que o consumidor está mais “cauteloso”, possivelmente por conta das condições macroeconômicas. “A população não parou de gastar, mas está tendo mais cuidado. Neste ano, não devemos ter o mesmo nível de consumo que em 2011. Se em 2011 [o consumidor] tinha dúvidas se ia fazer compras, em 2012 pode ser que ele realmente não compre tudo o que quer.”
O estudo também aponta que cerca de 2,7 milhões de brasileiros migraram para a classe C em 2011, que agora soma 103 milhões de habitantes. Este grupo já representa 54% da população total do país. Em 2005, quando a pesquisa começou a ser realizado no Brasil, a classe C somava 34% da população.
O aumento da renda do brasileiro também provocou migrações para as classes A e B, que de 2005 a 2011 aumentaram de 15% para 22% da população. Já as classes D e E passaram pelo movimento contrário no período, caindo de 51% do total para 24% no ano passado. Na avaliação de Marcos Etchgoyen, presidente do Cetelem BGN, “não há dúvidas de que tivemos uma migração gigantesca nestes sete anos”. O levantamento foi feito com base em 1.500 entrevistas domiciliares realizadas em novembro do ano passado.