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Bayer inova sem esquecer velha fórmula

Com forte presença no segmento de agronegócios no Brasil, a Bayer quer reforçar sua atuação na divisão farmacêutica.

Com forte presença no Brasil no segmento de agronegócios, a Bayer está reforçando suas apostas na divisão farmacêutica no país. O foco da companhia será no lançamento de produtos inovadores desenvolvidos pela multinacional alemã e também nos já consagrados – os chamados medicamentos maduros, afirmou ao Valor o presidente do grupo no Brasil Theo van der Loo.

Dona da centenária marca Aspirina, a companhia faturou R$ 4,3 bilhões no Brasil no ano passado. Deste total, a divisão CropScience (agrícola) responde por 50% das vendas. A área HealthCare (saúde) fica com 35% e MaterialScience (materiais inovadores), com os outros 15%. “A imagem da Bayer no mundo é diferente. A divisão farmacêutica responde por 50% do faturamento global. Aqui no Brasil a agricultura tem uma importância muito grande para a Bayer”, disse Loo. “O que não é ruim. Para nós, é bom ter uma estrutura assim porque dividimos os riscos.”

Loo não acredita que a divisão farmacêutica vá ultrapassar a agrícola de uma hora para outra, mas vê espaço para que a área de saúde ganhe mais importância no país. Para isso, a companhia prevê investimentos neste ano da ordem de R$ 143 milhões – parte desse aporte será concentrado na força de vendas e na promoção de novos medicamentos no país..

Com uma fábrica de hormônios instalada na capital paulista, a empresa produz anticoncepcionais no país e exporta o produto para cerca de 30 países, incluindo América Latina e Ásia. No ano passado, as exportações da Bayer atingiram US$ 100 milhões. Líder nesse segmento, a empresa possui cerca de 35% de participação no país.

O segmento de anticoncepcionais no país movimentou em 2011 cerca de R$ 2 bilhões, ou 160 milhões de unidades (embalagens). O país comercializa 120 marcas, a maioria medicamento similares. Os recentes lançamentos da Bayer foram o Qlaira, com hormônio natural, e o YAZ.

Em março, a companhia lançou no país o Xarelto, a grande aposta de “blockbuster” (campeão de venda) do grupo para os próximos anos. Esse medicamento, oral e de dose única diária, é indicado para a prevenção do AVC em pacientes com fibrilação atrial e para a trombose para os que passaram por cirurgia ortopédicas de grande porte (quadril e joelho). Além disso, o Xarelto está aprovado para o tratamento e prevenção da trombose e prevenção de embolia pulmonar.

O mercado dos anticoagulantes está em expansão em todo o mundo. Esse segmento movimentou US$ 6,9 bilhões em 2008 e deve atingir US$ 15,1 bilhões em 2015. A Bayer estima a receita global com o Xarelto de US$ 4 bilhões até 2020. No Brasil, a companhia acredita que esse mercado saltará dos atuais R$ 226 milhões neste ano para cerca de R$ 700 milhões em 2020, dos quais o Xarelto responderá por cerca de R$ 240 milhões. “Para nós é uma grande oportunidade porque é um mercado terapêutico onde as outras opções estão antiquadas”, afirmou Loo.

Apesar do avanço dos genéricos no Brasil, a Bayer não tem interesse em investir nesse segmento no país – globalmente a empresa atua nesse setor em poucos países. A empresa não descarta, contudo, analisar o mercado de genéricos de marca (medicamento similar), sobretudo na área de cardiologia.

Outra linha de atuação da farmacêutica no país será em seus produtos já consagrados. Além dos anticoncepcionais, que respondem por quase 60% das vendas da divisão farma, o foco será em produtos MIPs (medicamentos isentos de prescrição), como o Redoxon (suplemento de vitamina C), lançado há 77 anos, Aspirina, e a pomada Bepantol, por exemplo. “A Aspirina é a Coca-Cola dos medicamentos”, observou Loo.

Segundo o executivo, as pesquisas em torno da Aspirina ocorrem até hoje. “Em oncologia, há estudos que apontam que o uso da Aspirina no tratamento câncer do colo melhora a eficácia da quimioterapia. Esses estudos são tocados por universidades, não pela Bayer.” O exemplo clássico é o cardio-aspirina, usado como prevenção anticoagulante.