A coleção de aves domésticas se transformou em fonte de renda do criador Mário Salviato, que tem um sítio de 35 hectares no município de Porto Ferreira, em São Paulo, onde também há cultivo cana-de-açúcar, produção laranja e um criatório de aves.
A criação conta com marrecos, patos e gansos, mas o foco principal são as galinhas. Boa parte é de raças pouco comuns no Brasil. Aves que chamam a atenção pela beleza ou pelo bom desempenho na produção de ovos e carne.
A galinha caramelo é da raça brahma, do tipo perdiz, originária da Ásia e que passou por melhoramento nos Estados Unidos. A ave da raça cochinchina é originária da Ásia e a polonesa, que tem as penas da cabeça como marca registrada, pode ser de várias cores.
Já galinha da raça ketros, que veio do México, é uma ave rústica que chama atenção pela penugem do lado da orelha que parece um brinco. Tem também a cara de palhaço, originária da Espanha; a índio gigante, uma galinha caipira, que está sendo melhorada no Brasil; e a norte-americana plymouth rock.
De todas as raças da criação, a melhor poedeira, a que bota mais ovos é a legorne, uma ave de origem européia, que foi melhorada nos Estados Unidos. Cada galinha chega a botar uns 300 ovos por ano.
Mário Salviato conta que raramente vende as aves do criatório. O negócio é o comércio de ovos galados, ou seja, ovos fecundados, que vão dar origem a pintinhos. A maior parte dos clientes é de criadores de galinha de caipira, que utilizam as raças puras para fazer cruzamentos e melhorar a qualidade dos planteis. Irineu Salviato, pai de Mário, que trabalha na criação, recolhe os ovos dos ninhos.
O criador explica que para garantir uma boa taxa de fecundação é importante manter no máximo cinco ou seis galinhas para cada galo. Segundo ele, o percentual de ovos galados tem ficado entre 70% e 90%.
Mário Salviato cumpre à risca o calendário de vacinação e conta com assistência técnica de um zootecnista, que visita regularmente a granja. Outro cuidado é caprichar na alimentação. “A ração tem trigo, farelo de milho, farelo de soja, calcário avícola e algumas vitaminas. A ú nica diferença de ração é feita nas fases de desenvolvimento”, explica Mário Salviato.
Depois de saírem dos viveiros os ovos vão para prateleiras onde são separados por raça e cor de ave. O criador tem clientes em várias regiões e a maior parte das encomendas é enviada pelo correio. O preço por ovo varia de R$ 1,50 a R$ 4, dependendo da raça da galinha.
Primeiro, os ovos são embalados cuidadosamente com plástico-bolha. Na caixa de isopor o segredo é colocar várias camadas de casca de arroz para evitar a quebra. Apesar de todos os cuidados, esse tipo de transporte pode prejudicar o desenvolvimento dos embriões por causa do calor, do tempo da viagem e da movimentação das caixas. O resultado é a queda no percentual de nascimentos, o que os criadores chamam de taxa de eclosão. Mário reconhece que em certos casos apenas metade dos ovos transportados acabam de fato gerando pintinhos e o risco é do comprador.
Um dos clientes da granja fica no município de Leme, também em São Paulo. O produtor de jiló André Baldin começou a comprar ovos galados nos últimos anos para montar uma criação de galinhas de raça. Assim que chegam à propriedade são lavados, ficam descansando por 24 horas e seguem para a incubadora, onde permanecem 21 dias, até o nascimento dos pintinhos. Atualmente, a criação conta com 150 aves de nove raças diferentes.
Para conquistar clientes, Mário Salviato mantém um site de vendas. Ele não revela os valores do negócio, mas garante que a criação caseira, que começou como hobby, já se consolidou como uma atividade lucrativa do sítio. Atualmente, a granja vende em torno de 70 dúzias de ovos por semana e tem clientes em todos os estados do Brasil.