O presidente da APROBIO, Erasmo Battistella, fez ontem (29/05) uma palestra no II Seminário de Matriz Energética, na sede da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde traçou uma radiografia resumida do setor produtivo do biodiesel, sem deixar de salientar a importância de toda a cadeia de matéria prima, distribuição, armazenamento e revenda.
Ao falar no painel “Energia Eólica, Solar e Biocombustíveis: a evolução da inserção de fontes alternativas na matriz energética brasileira”, Battistella destacou os benefícios ambientais, econômicos, sociais e de saúde pública do biodiesel, combustível que emite 57% menos gases poluentes que o diesel fóssil.
“Nem mesmo o governo brasileiro, quando lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, em 2005, imaginava que o produto seria tão positivo para o país”, afirmou o presidente da APROBIO, para em seguida elencar as vantagens do produto.
Segundo ele, o biodiesel representa um parque fabril de mais de 60 usinas, com 1,3 bilhão de empregos gerados em toda a cadeia, de 2005 a 2010. Na agricultura familiar, no ano passado foram mais de 100 mil famílias de pequenos produtores vendendo matéria prima para a indústria, no hoje representa o maior repasse de verbas para o homem do campo.
Erasmo citou estudo da própria FGV, instituição promotora e anfitriã do seminário, para mostrar que o biodiesel hoje, misturado à proporção de 5% em cada litro de diesel comercializado no país, contribui para reduzir em quase 13 mil o número de internações hospitalares por problemas respiratórios, além de ajudar a evitar quase 2 mil mortes pelo mesmo motivo.
Em termos econômicos, a produção nacional de biodiesel tem reduzido as importações de diesel. De 2005 a 2010, segundo a FGV, a economia na balança comercial brasileira foi de US$ 2,86 bilhões. Quando a mistura chegar a 20%, ainda sem nenhuma previsão pelo governo, esse número pode chegar a US$ 43 bilhões.
O trabalho da APROBIO, no momento, às vésperas da Conferência Rio+20 e com a proximidade da Copa do Mundo em 2014 e depois as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, é envolver as capitais e grandes cidades do país no projeto da Linha Verde, em que Curitiba é pioneira, desde 2009.
Nele, 32 ônibus circulam em via expressa da capital paranaense com 100% de biodiesel. O trabalho da Frente Parlamentar do Biodiesel tem ajudado muito neste esforço de envolver os poderes públicos municipais na iniciativa, ainda que com frotas piloto.
O presidente da APROBIO encerrou sua apresentação falando da necessidade de planejamento de médio e longo prazo para o setor, de forma a haver segurança jurídica e previsibilidade econômica de mercado para que os empresários possam fazer seus investimentos. De 2005 a 2010 o setor já investiu R$ 4 bilhões. Até chegar a 20% da mistura de biodiesel no diesel, eles chegarão a quase R$ 30 bilhões.