Nos últimos anos inúmeras pesquisas sobre combustíveis alternativos têm sido desenvolvidas. Tais investimentos emergem da preocupação com o destino da economia global e o futuro do meio ambiente. No Brasil, o mercado de biocombustíveis tem conquistado espaço, e uma das grandes vantagens é a geografia favorável e o clima tropical do País.
Dentre as pesquisas sobre biocombustíveis destaca-se a produção do biodiesel. Por ser uma alternativa aos combustíveis derivado do petróleo, este tem sido a aposta de muitos produtores e investidores. Um mercado emergente que se resume em duas palavras: inovador e promissor.
Como já citado, o Biodiesel é um combustível alternativo que pode ser utilizado em carros ou qualquer outro veículo com motor diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis, como biomassa e produtos agrícolas, é um combustível que emite menos poluentes que o diesel.
O processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel chama-se transesterificação. Para elucidar o processo precisamos entender um pouco da bioquímica das plantas. O óleo vegetal é formado por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicerídio. A transesterificação é nada mais que a remoção da glicerina do óleo vegetal, tornando-o mais fino.
Ao falarmos de biodiesel, as sementes como soja e mamona, se tornam o ator principal das discussões, no entanto, pesquisas realizadas no Japão, Argentina e Brasil revelam que as algas marinhas são uma excelente alternativa para a produção do biodiesel.
No Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisas indicam que microalgas encontradas no litoral brasileiro têm potencial energético para produzir 90 mil quilos de óleo por hectare. O problema é que a porcentagem de lipídios (óleos e gorduras) de cada alga não é alta e poucas espécies chegam a 20% de concentração, entretanto, sabe-se que a soja possui 18% e o dendê 22%.
Enquanto em um hectare de soja podem ser extraídos 400 litros de óleo, em uma superfície semeada com algas equivalente a um hectare podem ser produzidos 100.000 litros (Massachusetts Institute of Technology – MIT/Japão).
Segundo o mesmo estudo realizado na UFF, as algas possuem outras vantagens ao seu favor. Do ponto de vista ambiental, o biodiesel de microalgas libera menos gás carbônico (CO2) na atmosfera do que os combustíveis fósseis (derivados do petróleo), além de combater o efeito estufa e o superaquecimento.
Para o biólogo Sergio Lourenço (UFF), responsável pelo estudo, a alternativa também não entra em conflito com a agricultura, pode ser cultivada no solo pobre e com a água salobra do semi-árido brasileiro – para onde a água do mar também pode ser canalizada – e abre possibilidades para que países tropicais (como a Polinésia e nações africanas) possam começar a produzir matriz energética. Além disso, as algas crescem mais rápido do que qualquer outra planta.
Outro apontamento feito pelo biólogo diz respeito à viabilidade dessa produção: “O biodiesel de microalgas ainda não é viável, mas em cinco anos haverá empresas produzindo em larga escala… Se a matriz tem baixa concentração de lipídios, temos que acumular muito mais massa”, explica o pesquisador.
Como podemos notar a biomassa não se tornou apenas um investimento, mas também uma alternativa racional e limpa para alimentarmos o desenvolvimento mundial. Talvez, em um futuro próximo, transformaremos o vasto litoral brasileiro (cerca de 9.000 km) em fazendas de biomassa.
Por Thiago H. B. Corrêa, professor do curso técnico em Química do Colégio Porto dos Bandeirantes, Mestrando em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba e aluno do curso de especialização em Ciência e Tecnologia na Universidade Federal do ABC.
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