Impactada pelos custos com a incorporação da Sadia e pela retração de demanda e preços em importantes mercados, como Japão e Oriente Médio, a BRF – Brasil Foods registrou um lucro líquido de R$ 121 milhões no último trimestre do ano passado, queda de 66,4% sobre os R$ 360 milhões do mesmo intervalo de 2010. O lucro ajustado no período, que desconsidera os efeitos com a provisão de custo para a incorporação da Sadia, foi de R$ 336 milhões, redução de 6,7%.
No quarto trimestre de 2011, a receita líquida atingiu R$ 7,09 bilhões, crescimento de 10,9% em relação ao mesmo trimestre de 2010. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$ 919,5 milhões, queda de 4,1% sobre os R$ 959 milhões do quarto trimestre de 2010.
Os resultados da BRF no último trimestre do ano passado foram afetados pelos estoques maiores no Japão e no Oriente Médio, que respondem por 30% dos embarques da empresa. Além disso, “não tivemos um Natal magnífico” no mercado interno”, disse o presidente da companhia, José Antonio Fay. No período, a receita com as exportações atingiu R$ 2,7 bilhões, avanço de 16,9% sobre o mesmo trimestre de 2010. No mercado interno, a receita líquida foi de R$ 3,3 bilhões, crescimento de 7,6%.
No acumulado de 2011, o lucro líquido da BRF cresceu 70,1% na comparação com 2010, para R$ 1,367 bilhão. A receita líquida, por sua vez, alcançou R$ 25,7 bilhões, alta de 13,3% sobre os R$ 22,6 bilhões de 2010. Já o Ebitda foi de R$ 3,2 bilhões em 2011, crescimento de R$ 23,1% sobre o ano anterior. Na mesma base de comparação, a margem Ebitda passou de 12,6% para 11,6%. A BRF encerrou 2011 com uma alavancagem de 1,7 vez e uma dívida líquida de R$ 5,4 bilhões, com um perfil médio de vencimento de 3,5 anos.
“Enfrentamos um cenário muito hostil em 2011 no mercado internacional, com a valorização do real, tsunami no Japão, Primavera Árabe, crise nuclear no Irã. Por tudo isso, estamos bem contentes com o resultado”, afirmou Fay. Ao todo, a exportações representam 40% do faturamento total da BRF.
Os preços dos principais insumos usados também pressionaram os custos de produção da BRF, que não conseguiu repassá-los aos preços dos produtos tanto no mercado interno quanto externo. No Brasil, o milho subiu 37,5% e a soja, 14,7% durante o ano passado. No mercado internacional, a alta foi de 59% para o milho e de 25,9% para soja. Já os preços foram reajustados em 7,7% no mercado interno em 13% no mercado externo.
No ano, as receitas com as exportações cresceram 12,3%, para R$ 10 bilhões. Já as receitas no mercado interno chegaram a R$ 11,6 bilhões. O segmento de food service, por sua vez, obteve uma receita de R$ 1,4 bilhão em 2011, alta de 19,7% sobre 2010.
Quanto à operação de troca de ativos com a Marfrig, definida esta semana, a BRF prevê que a aprovação do Cade sairá até abril.