Há anos tenho observado que os opositores da agricultura brasileira apenas questionam os avanços científicos da tecnologia até a biotecnologia, mas nunca na área da farmácia e na indústria automobilista, por exemplo. Observem o que leva estas pessoas a serem contra algo que ajuda a empregar milhões de pessoas. Tirar a fome de milhares de pessoas e contribuir para preservação do meio ambiente? Temos muitos bons exemplos: plantio direto, que não remove mais o solo, e que no passado era taxado de contribuir para o assoreamento de nossos rios, e ao mesmo tempo hoje é o nosso pão de cada dia. Notem que a agricultura também pode cometer erros, mas não é vilã, precisamos de equilíbrio em tudo que fazemos, não há agricultura sem o rompimento das relações biológicas, como não há fabricação de carros sem impactos ao ar, as pessoas e ao solo.
As construções de edifícios não usam o solo? As estradas, nossos caminhos para praias, os rios que são poluídos nas grandes cidades e assim por diante são exemplos de algo que não deveria ocorrer. Somos nós seres humanos que precisamos manejar nossas atividades para nos mantermos sustentáveis. E digo a vocês, não tenha dúvidas ao afirmar que somos os grandes heróis e temos a melhor agricultura do mundo, tanto do ponto de vista tecnológico como do ponto de vista ambiental. Não está na hora de valorizarmos nosso maior bem (a agricultura), onde somos líderes? Afirmações evasivas devem ser questionadas e respondidas com ciência. Precisamos por tanto nos posicionar de forma contundente e gostaria de contribuir e ajudar nossos produtores que realmente são os grandes heróis e os grandes responsáveis pela sustentabilidade do campo. A primeira pergunta que devemos fazer é: o que é ser sustentável? Como devo fazer para ser sustentável – palavra esta bonita, mas na prática o que significa? Aplicar menos agrotóxicos, produzir alimentos orgânicos? Essas dúvidas nos remetem a algumas diferentes formas de pensar a agricultura. Em minha visão ser sustentável é aliar os três pilares da sustentabilidade: social, econômico e ambiental. Analisando estes aspectos podemos chegar a constatações importantes que assim podemos chamar de “os hábitos sustentáveis dos produtores rurais”. Essa tarefa pode demorar anos, mas tenham certeza que aqueles que venham a adotar, terão grande possibilidade de sucesso.
O primeiro deles: é regularizar a propriedade quanto a aspectos legais (ambiental). Com a pressão para diminuir o desmatamento – ônus que foi colocado nas costas da agricultura e que, há 30 atrás era um incentivo – precisa ser legalmente concedido e até mesmo evitado. O segundo é o planejamento e a gestão da propriedade. Onde quero chegar? Em quanto tempo? Qual atividade mais rentável nesta região? Essas são perguntas que precisam ser respondidas para que o próximo hábito venha a ser implantado. Terceiro hábito: após a análise e implantação do plano é recomendável o investimento em atividades que tenham retorno financeiro, que gerem divisas a curto, médio e longo prazo. O quarto hábito é a gestão dos aspectos sociais (valorização do ser humano, ou seja, incluí-lo no processo e nas atividades da propriedade). O quinto hábito, e não menos importante é adotar práticas sustentáveis consagradas (plantio direto na palha, integração lavoura pecuária, manejo integrado, monitoramento e rastreabilidade). O sexto hábito é respeitar e valorizar áreas de preservação ambiental, preservar rios e animais silvestres, além de utilizar tecnologias eficientes, que minimizem os riscos ambientais e sociais. E por fim o sétimo hábito, e talvez um dos mais importantes: valorizar o consumidor e contribuir para ações educacionais junto a sua comunidade.
Fazendo uma analogia, podemos dizer que estamos seguindo “Os Sete hábitos das pessoas altamente eficazes”, livro este espetacular para nosso crescimento profissional e pessoal, nos diz e mostra como podemos ser eficazes, e nada mais justo que adotarmos e implantarmos em nossas atividades, e por que não na agricultura. Senhores, estas recomendações, parecem impossíveis de serem cumpridas, mas não são! Temos muitos exemplos bons, de propriedades sustentáveis no Brasil, basta termos atitude e vontade de querer fazer. Esse é um desafio lançado, aperfeiçoamentos são bem-vindos. O importante é seguir em frente e manter o agro cada vez mais forte e robusto. Mãos a obra meus amigos, por que a carroça com os bois está passando, agarrem e não desistam no primeiro obstáculo, a vida é feita de estradas sinuosas e de difícil acesso. Nunca desista de seus ideais. Até mais!!!
Por Jose A. Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal, MBA em Marketing – FGV.