Depois da produção de equipamentos para usinas de biomassa, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e de geração eólica, a WEG vai entrar na energia solar. A intenção da empresa é fornecer inversores solares, transformadores, instalação de painéis fotovoltaicos e sala de controle, tornando-se integradora de sistemas solares.
Umberto Gobbato, diretor-superintendente da WEG Automação, diz que a empresa pretende até o fim do ano ter presença em cinco projetos de energia solar no país, mas ele não revela quanto isso poderá representar em receita.
A intenção da WEG é começar em projetos dentro do país, com concessionárias de energia e parques de geração à base solar, mas, futuramente, também pretende ser uma fornecedora mundial nessa área. “A WEG acredita que vai ser um grande negócio. Tende a ser tão grande quanto a energia eólica e a biomassa”, disse.
A área de geração, transmissão e distribuição de energia do grupo, que engloba as energias renováveis, é uma das mais importantes da WEG. No resultado do primeiro trimestre, respondeu por 23% da receita líquida total, de R$ 1,37 bilhão. Ela só fica atrás dos negócios relativos a equipamentos eletroeletrônicos industriais, que representaram 63%.
A aposta em energia solar amadureceu aos poucos no grupo. Há dois anos, começaram as pesquisas nessa área. Em março, foi criada uma unidade de negócios voltada exclusivamente à energia solar e no segundo semestre é que deverão ser fechados os primeiros contratos de fornecimento.
A WEG desenvolveu uma tecnologia própria de inversores solares – equipamentos que transformam a energia corrente contínua (a que vem de um painel fotovoltaico) em corrente alternada filtrada (que está em qualquer tomada) -, criou uma equipe de 10 pesquisadores na área e, além disso, passou a trabalhar em parcerias de pesquisa e desenvolvimento com engenheiros de energia solar de universidades, como a de São Paulo (USP), Federal de Santa Catarina (UFSC) e Estadual Paulista (Unesp), no campus de Ilha Solteira (SP).
Na avaliação da empresa, o segmento de energia solar vai ter um desenvolvimento importante no país nos próximos anos. Gobatto traça estimativas de que o Brasil deverá demandar até 150 GW de energia em 2016 e a solar terá uma participação de 3% a 5% neste bolo. Ele acredita que o mercado brasileiro de equipamentos e sistemas de energia solar como um todo em até sete anos deverá movimentar R$ 25 bilhões ao ano.
Hoje, no Brasil, apesar da alta incidência solar, a geração desse tipo de energia ainda não é expressiva: há poucos projetos, principalmente, pelo alto custo de geração. Gobatto, porém, acredita que recentes mudanças ajudarão no desenvolvimento deste mercado. Ele cita, por exemplo, as alterações feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em abril, quando criou regras de compensação de energia para microgeração, de até 100 KW de potência, e para a minigeração, de 100 KW a 1 MW.
A norma permite ao consumidor instalar pequenos geradores na sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local. A regra é válida para geradores de fontes incentivadas, como a solar. Pelo sistema, uma residência, por exemplo, vai gerar energia, colocar o que não for consumido no sistema da distribuidora e usar o crédito para abater no consumo dos meses subsequentes.
A WEG também espera para 2013 os primeiros leilões de energia solar do governo federal. “Isso dará segurança aos investidores porque poderão vender no médio e longo prazo”. Em outras palavras, poderão pegar financiamentos nos órgãos públicos para investir na geração pela garantia de que terão receita no futuro, dada pelos contratos firmados de compra desta energia.
Além das mudanças legais, Gobatto observa que a geração solar vem se tornando mais viável porque os preços dos painéis fotovoltaicos, usados na captação desta energia, caíram “violentamente” nos últimos cinco anos. “Eles já caíram cerca de 50% nos últimos cinco anos e a tendência é que diminuam ainda mais, cerca de 10% a 15% ao ano nos próximos cinco anos”, estima ele, creditando essa queda, especialmente, à escala maior de produção. Para Gobatto, essa conjuntura mostra que “há uma explosão de oportunidades” em curso neste segmento.
A WEG pretende atender diferentes tipos de clientes, desde o residencial, que quer criar uma forma de captação de energia solar em sua residência, ao comercial e ao industrial, que pretende construir painéis fotovoltaicos na sua empresa, além dos projetos exclusivamente voltados à produção deste tipo de energia por meio de usinas solares.
Além do fornecimento de equipamentos e sistemas, a WEG também pretende fazer de si mesma uma geradora solar: já há estudos para uma área coberta do seu parque fabril em Jaraguá do Sul (SC) gerar energia solar e servir como uma espécie de laboratório para as pesquisas da própria empresa.