O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica registra no Estado de São Paulo 62 mil hectares de áreas em recuperação em 114 projetos cadastrados em 2011, informa a Secretaria do Meio Ambiente.
Desde 2008, o Estado soma 416 mil hectares em processo de recuperação, entre áreas cadastradas e não cadastradas no pacto. A coordenadora de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, Helena Carrascosa, afirma que os números são animadores e, para que continuem crescendo, o governo quer estimular os proprietários rurais a ver as florestas como um novo meio de negócio.
Para Helena, a floresta nativa comercial é uma possibilidade viável e bastante rentável. “É necessário estimular os proprietários rurais a querer ter florestas. As pessoas têm de ganhar dinheiro com isso. Floresta nativa não é castigo”, diz. “Precisamos sair do conflito da produção agrícola com as florestas.”
Segundo Helena, existem no Estado áreas que são subutilizadas, estão abandonadas ou não rendem tanto quanto deveriam. Em muitos desses casos, a produção florestal com mata nativa aumentaria os ganhos do proprietário do terreno.
Para os produtores, a grande dificuldade é aprender a pensar a prazos mais longos. De acordo com a coordenadora, uma solução inicial é associar floresta nativa a algumas espécies exóticas para gerar fluxo de caixa. “Misturar com seringueira ou eucalipto segura o negócio até que a nativa ganhe o mercado”, explica. Para Helena, dessa maneira, em 20 ou 30 anos, será possível ter só floresta nativa. “Melhor em 30 anos do que nunca.”
Helena diz que, para chegar a algo que seja realmente atraente para os produtores, o desafio inicial é reunir informações. Identificar o potencial de reserva legal, de serviços florestais, de crédito de carbono, e o que falta para que esses serviços sejam viáveis e lucrativos. Por isso, São Paulo está começando um processo de discussões para fazer com que a floresta nativa seja vista como um negócio.
Dentre as iniciativas da Semana da Mata Atlântica, no dia 31, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais e o Projeto Proteção da Mata Atlântica 2 vão promover um seminário para discutir o assunto. Além dos debates, a intenção é comemorar os três anos do pacto. Mais informações pelo telefone: 2232-5728
Dia da Mata Atlântica – “Temos muito o que comemorar”, diz o diretor de Políticas Públicas do S.O.S. Mata Atlântica, Mario Mantovani. Apesar de ter apenas 7% da sua área original – os outros 93% forma desmatados – o bioma vem sendo conservado e restaurado, segundo Mantovani. Originalmente, a Mata Atlântica ocupava todo o litoral brasileiro, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados.
Mantovani ressalta que a preocupação tanto da população quanto das autoridades com relação à Mata Atlântica vem aumentando nos últimos anos. Ele cita São Paulo como exemplo de políticas acertadas de regeneração da mata. “Era um Estado completamente devastado e está se recuperando”, afirma Mantovani.
Outro exemplo de boas práticas com relação à questão é a cidade de Maringá, no Paraná. Segundo Mantovani, o plano municipal colocado em prática na região beneficia mais o meio ambiente do que a própria legislação. Para se ter uma ideia, foi estabelecido 60 metros de proteção de cada lado dos rios, algo inédito no País. O ambientalista vê nos planos municipais medidas que, mesmo que aplicadas localmente, são eficazes. Além de proteger os biomas locais, alguns incentivam serviços ambientais ou estabelecem IPTUs verdes, que beneficia quem executar ações verdes.