Depois de realizar um diagnóstico onde constatou que a classe C rural está sendo esmagada e que as classes D e E vivem em condições quase miseráveis, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) se associou a Fundação Dom Cabral para elaborar um novo programa nacional de extensão rural, que seja capaz de resgatar a assistência técnica rural no Brasil e promover a migração de agricultores das classes D e E para a classe C.
O diagnóstico do setor mostrou que 3,6 milhões de agricultores ocupam 70% das propriedades brasileiras, mas respondem por apenas 7,6% do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola, com renda média de R$ 175,00 por hectare por ano. Já a classe C soma 800 mil agricultores e responde por 15,5% da área e por 13% do VBP, com renda de R$ 570,00 por hectare ao ano, enquanto as classes A e B somam 5,8% da área, mas detêm 78% do VBP e têm renda anual média de R$ 1560,00 por hectare.
“Queremos fortalecer a classe média rural do Brasil. Para isso instalamos um projeto piloto deste novo programa no Estado do Tocantins, onde serão atendidas 5 mil famílias de pequenos agricultores”, avaliou a senadora Katia Abreu, presidente da CNA, durante evento realizado no espaço Brasil Agro, durante a realização da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Atualmente existem R$ 4 bilhões disponíveis nas esferas municipal, estadual e federal para a assistência técnica, mas os recursos são usados de maneira compartimentada. Por isso, a CNA propõe a criação do Sistema Brasileiro de Assistência e Extensão Rural (SISBRATER), que vai aplicar o recursos de maneira organizada e sistematizada. Para o agrônomo e pesquisador da Embrapa, Elseu Alves, semente não é tecnologia. “Tecnologia é o que o agricultor faz para reunir os conhecimentos disponíveis no Brasil e no mundo a fim de melhorar sua performance”, diz. Alves defende que esses recursos estejam ao alcance de todos os agricultores brasileiros.