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Opinião

Em carta, presidente da Acsurs comenta crise na suinocultura nacional e cobra respostas

"Nossos suinocultores necessitam das respostas, de uma solução imediata para que possam continuar na atividade", diz Valdecir Folador.

Presidente da Acsurs
Presidente da Acsurs

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, divulgou hoje (21/06) uma carta direcionada a todas as pessoas ligadas à suinocultura onde comenta a crise na suinocultura nacional e cobra respostas e soluções de governantes. Leia a íntegra abaixo:

Prezado senhor

Tendo em vista a crise que assola a suinocultura brasileira e, em especial, a gaúcha, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) busca mostrar a situação dos produtores com o objetivo de chamar a atenção de nossos governantes através da grande mídia, para a busca de uma solução para a mesma.
 
Entre os anos de 1996 a 2006, em todas as regiões do país cerca de 70 mil produtores deixaram a atividade, em sua maioria micro e pequenos proprietários rurais, gerando um grave impacto social.
 
No ano passado, a produção total da suinocultura gaúcha foi de 655 mil toneladas, gerando R$ 3,6 bilhões. O número de empregos diretos proporcionados pelo setor foi de 14.211, sendo em torno de 10 mil produtores integrados e independentes distribuídos em pequenas e médias propriedades rurais, situadas em 308 municípios em todo o Estado gaúcho.
 
O número de empregos indiretos proporcionados pela suinocultura foi de 161.321. O valor adicionado foi de R$ 5,3 bilhões. Em exportação, foram 163 mil toneladas e receita cambial de R$ 788 milhões. Em todo o Estado, em 2011, o número registrado de pessoas dependentes da suinocultura era de em torno de 565 mil de forma direta e indireta, ou seja, mais de 156 mil famílias, representando 5,5% dos gaúchos.
 

Hoje, o principal motivo da crise gerada no setor suinícola é a falta de rentabilidade. Os produtores estão investindo em uma atividade que não oferece retorno ou geram receita por um curto período e, mais tarde, os prejuízos são maiores do que o lucro alcançado anteriormente. Não há perspectivas, pois o produtor precisa receber por aquilo que produz. Ele precisa cobrir seu custo de produção e ter margem de lucro, o que não é realidade hoje. Em todo o Brasil, a média atual do preço pago pelo quilo do suíno vivo varia entre R$ 1,60 e R$ 1,90, enquanto que o custo de produção gira em torno de R$ 2,60 por quilo vivo. É preciso levar em consideração que o produtor gasta com insumos, como o milho e a soja, que têm tido elevação nos preços, em especial pelas condições climáticas não muito favoráveis que têm abalado todo o país.
 
No Rio Grande do Sul, 90% dos produtores pertencem ao sistema de integração. As integradoras coordenam a produção. Então, o produtor não pode pagar a conta sozinho. O produtor não recebe o valor devido pelo suíno e, no entanto, o consumidor paga caro pela carne nas gôndolas do supermercado. O suinocultor não está ganhando e, com certeza, os demais, se não estão tendo lucro, ao menos não estão perdendo.
 
A Acsurs, junto da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), está buscando fazer valer as reivindicações dos suinocultores. As principais são a prorrogação dos vencimentos das dívidas de custeio e investimento dos produtores de suínos; o aumento dos limites de crédito para retenção de matrizes, para o valor de R$ 500 por matriz até o limite de R$ 2 milhões por produtor/CPF; além da inclusão do quilo do suíno vivo na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). As mesmas foram apresentadas na audiência junto ao ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Mendes Ribeiro Filho, na última semana (dia 13/06), ficando estabelecido o gabinete de crise para discutir perdas na suinocultura.
 
As entidades também acreditam e buscam a remuneração justa dos produtores através da regulamentação dos contratos entre agroindústrias e integrados. O Projeto de Lei do Senado 330/2011, da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), busca estabelecer condições, obrigações e responsabilidades nas relações contratuais entre produtores integrados e agroindústrias integradoras e está em trâmite.
 
Nossos suinocultores necessitam das respostas, de uma solução imediata para que possam continuar na atividade. Caso contrário, muitos mais estarão desistindo e, certamente, gerarão um impacto ainda maior na economia do Estado do Rio Grande do Sul.  

 Atenciosamente,
 
Valdecir Luis Folador, presidente da Acsurs