Representando 34% do total de suinocultores existentes no país, os chamados independentes são os mais afetados pela grave crise que atinge o setor porque não agregam valor ao produto (suíno vivo).
O preço ideal do suíno vivo deveria estar em R$ 60 a arroba para cobrir os custos de produção, porém está em R$ 38,40 (referência APCS) no estado de São Paulo. Estima-se que o suinocultor independente perca entre R$ 30 e R$ 60 por animal abatido, dependendo da região onde se produz e da forma como comprou milho e soja para seus animais, segundo dados levantados pelo veterinário e consultor Luciano Roppa, que proferiu palestra sobre A Situação da Suinocultura e as Perspectivas para o Setor na sede da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), em Campinas, a convite da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS).
De acordo com seus cálculos, nos últimos cinco anos o suinocultor independente paulista perdeu R$ 500 mil na sua atividade, culminando na sua descapitalização.
Na avaliação do produtor Pedro Tosello, essa crise é a pior de todos os tempos. “O produtor nunca perdeu tanto durante tanto tempo como está perdendo agora, tendo como conseqüência a redução drástica da produção no estado de São Paulo com fechamento de granjas e uma descapitalização ainda maior do produtor”. Em virtude de tudo isso, poderá chegar um dia (ele acredita entre 60 e 90 dias) em que o preço poderá reagir e subir, “mas até lá vamos tentar sobreviver”. Tosello disse que está se dando pouco valor à atividade primária, que é a produção. “Não vejo muita perspectiva ao produtor que ficar só na atividade primária”.
Para o produtor Olinto Arruda, por mais eficiente que o suinocultor seja, o prejuízo é certo porque os custos de insumos (alimentos, energia etc.) aumentam e o preço do produto vendido pelo produtor cai. “Temos de tentar aumentar a produtividade e reduzir custos, dentro do possível. Um dia a situação vai melhorar, não sei quando, torço para que seja breve”.
Passeata em Brasília – No dia 12 de julho, em Brasília, a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), junto com a APCS e outras associações, realiza movimento em prol do preço justo para produzir. “Queremos que o maior número de produtores esteja lá fazendo essa reivindicação justa. Convoco todos para que estejam presentes em Brasília nesse dia para que possamos fazer um grande movimento em prol de melhores condições para todos os suinocultores”, disse, em entrevista ao site da APCS, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, que esteve na segunda-feira, 25 de junho, em Campinas, acompanhando os trabalhos da APCS.
No dia 12, a movimentação na capital federal começa às 8h30, no Senado, com audiência pública que reunirá produtores, presidentes de associações senadores e deputados federais. Em seguida, haverá passeata até o Ministério da Agricultura, onde, por volta das 14h30, o grupo será recebido pelo ministro Mendes Ribeiro Filho, que vai revelar o resultado das demandas da suinocultura, como a prorrogação do custeio e investimento e aumento do crédito de retenção de matrizes para R$ 500 até o limite de R$ 2 milhões por CPF.
Após isso, será realizado ato público para definir os próximos passos dos produtores.