O mercado recebeu com entusiasmo a nomeação do ex-presidente do Banco Central (BC) Henrique Meirelles para o conselho da J&F, holding que controla, entre outras empresas, o frigorífico JBS.
Após o anúncio, oficializado no domingo, as ações do JBS encerraram o pregão de ontem estáveis, a R$ 8,07, mas chegaram a marcar a máxima de R$ 8,44 na parte de manhã – valorização de 4,6% em relação ao fechamento de sexta-feira. O Índice Bovespa operou no terreno negativo durante toda a sessão e encerrou o dia em baixa de 1,2%.
“Ter no conselho uma figura cuja competência é amplamente reconhecida pelo mercado certamente é uma boa notícia para os acionistas”, afirma Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora.
Segundo Pinheiro, Meirelles será uma peça importante para reforçar a área de relacionamento com investidores da companhia, especialmente no que diz respeito ao modo como a empresa lida com as expectativas do mercado.
Outro ponto destacado pelos analistas é que a notória experiência de Meirelles na área financeira veio em um momento oportuno para a JBS, já que o nível de endividamento é apontado pelo mercado como o “calcanhar de aquiles” da empresa.
Com uma dívida líquida de R$ 8,5 bilhões, a empresa desembolsou R$ 1,5 bilhão para fazer frente a obrigações financeiras nos nove primeiros meses de 2011 – valor 18% superior ao seu lucro operacional no período, de R$ 1,2 bilhão.
Uma das principais tarefas do ex-dirigente do BC será criar uma estrutura de governança para a holding J&F, criando a possibilidade de, no futuro, abrir o capital do grupo. Caberá também a Meirelles definir estratégias de crescimento da J&F dentro e fora do Brasil.
Além do JBS, a J&F controla a fabricante de produtos de higiene e limpeza Flora, o Banco Original, a J&F Oklahoma, maior empresa de confinamento de gado dos Estados Unidos, e a Eldorado, do setor de celulose.