O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, deverá fazer hoje de manhã apresentação na Comissão de Agricultura do Senado Federal, no contexto do Ato Público dos Suinocultores Brasileiros organizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
Após a audiência pública no Senado, Camargo Neto acompanhará os produtores até o Ministério da Agricultura. A manifestação terminará às 14h30 com uma reunião com o ministro Mendes Ribeiro. (a apresentação do presidente da Abipecs, em Powerpoint, estará disponível no dia 12, no site da entidade – www.abipecs.org.br)
Os suinocultores brasileiros enfrentam uma conjuntura difícil, em que pesam fatores negativos, como elevação do custo de matéria-prima (milho e soja) e de mão de obra e perda de mercados externos. O fator positivo – aumento de produtividade – acaba contribuindo para um aumento da produção. Esta, não conseguindo acesso a mercados externos, contribui para ampliar a disponibilidade interna, com consequente retração nos preços, uma vez que há um desequilíbrio entre a produção maior, o consumo e a exportação menores.
De 2009 a 2011, a produção de carne suína aumentou 6,5% e a disponibilidade interna, 11,6%. As exportações, porém, caíram 15,0% no período. De 2009 a 2012, houve um aumento de 3,8% na quantidade de matrizes alojadas e de 3,6% na produtividade.
Nos principais mercados externos para a carne suína brasileira – Rússia, Hong Kong, Ucrânia, Argentina, Angola e Singapura – houve uma perda acumulada de 111.644 toneladas, de 2009 a 2011.
De janeiro a junho deste ano, o Brasil embarcou 1.319 toneladas a menos para Rússia, Hong Kong, Argentina, Ucrânia, Angola, Singapura e Uruguai. O pequeno número de mercados externos representa séria dificuldade ao setor.
O embargo russo à carne suína brasileira já leva mais de um ano sem que o governo federal consiga equacioná-lo. Desde fevereiro, a Argentina passou a restringir as importações provenientes do Brasil, situação que o governo anuncia irá terminar após recente acordo entre os países, porém, ainda sem impacto significativo nas exportações brasileiras. Outros mercados suspensos são a África do Sul e a Albânia.
Recentemente, foram abertos Estados Unidos e China, e ainda em processo de abertura estão Coreia do Sul, Japão e União Europeia.
Para Pedro de Camargo Neto, as tendências que devem continuar elevando os custos são: desaceleração do consumo interno de carne suína, agravamento das deficiências de infraestrutura do Brasil, acordos coletivos de trabalho, necessidade de inovação em segurança alimentar, em questões ambientais e em bem-estar animal, obrigações acessórias à legislação trabalhista, lei dos motoristas (Lei 12.619 de 30/4/2012), e acirramento das medidas protecionistas.
A participação da mão de obra nos custos de produção de suínos, no Brasil, é maior do que na Alemanha, na Espanha, na Itália e no Reino Unido; é semelhante à da Dinamarca e dos Países Baixos. Esse conjunto de países detém quase 90% da produção da União Europeia. Hoje, após a desvalorização cambial e a redução de preços, os custos são equiparáveis, diz o presidente da ABIPECS.
Os custos portuários, no Brasil, são 70% maiores do que na Europa. Exportar um container do Brasil custa R$ 1.900,00, enquanto na Europa, R$ 1.200,00. A produtividade dos portos brasileiros é 70% inferior à dos países concorrentes.
Diante de menor custo de produção nos EUA e de aumento de excedentes exportáveis subsidiados, da UE, que levam à distorção dos preços de mercado, pode-se vislumbrar um crescimento da concorrência nas exportações de carne suína brasileira.