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Opinião

Instituto Nacional da Carne Suína avalia cautelosamente abertura para a carne suína

O Japão anunciou hoje a abertura do de seu mercado à carne suína catarinense.

Após cinco anos de tratativas do governo catarinense com o Japão, a Comissão Japonesa de Risco de Sanidade Animal do MAFF – Ministério da Agricultura, Pesca e Florestas concluiu o processo de avaliação de risco que poderia representar a importação pelo Japão de carne suína proveniente do estado de Santa Catarina. O próximo passo é a negociação dos termos do Certificado Sanitário Internacional – CSI, a ser emitido pelas autoridades do Brasil. O CSI acompanhará as remessas, garantindo que os requisitos de sanidade animal da carne suína atendem todas as exigências apresentadas pelas autoridades japonesas durante o processo de aprovação. Nesta próxima quarta-feira 29, os secretários Enio Marques e Célio Porto, de Defesa Agropecuária e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (Mapa), estarão em Tóquio para apresentar uma primeira proposta de CSI às autoridades do Japão.
Na avaliação do presidente do Instituto Nacional da Carne Suína, Wolmir de Souza, a abertura do mercado japonês pode ser um reflexo  da crise que passa seu atual maior fornecedor de carne suína, os Estados Unidos. “Com a falta de insumos e a alta nos preços do milho e da soja, o plantel de suínos dos EUA deve diminuir. Abrindo o mercado brasileiro, os japoneses garantem o abastecimento da população por carne suína. Estão garantindo o alimento da população”, explica.

Wolmir destaca também que esta é uma medida recebida positivamente pelo setor pecuarista. “Não podemos deixar de enfatizar que a abertura do mercado japonês é resultado de muito trabalho do governo catarinense e também do nosso status sanitário, como único estado brasileiro livre de febre aftosa sem vacinação. Isto, com certeza, precisamos comemorar”, diz de Souza.
Apesar das boas novas, o presidente do INCS alerta que o setor não deve criar grandes espectativas, pois a abertura deste mercado ainda não reverte o quadro de crise que se encontra a suínocultura brasileira. “O setor independente ainda se encontra penalizado e a abertura do mercado japonês só será efetivamente boa se as pequenas indústrias de carne conseguirem aproveitar para suprir a demanda do mercado interno, enquanto as grandes agroindústrias exportadores atendem a demanda externa”, afirma Wolmir de Souza. As autoridades do Japão deverão aprovar uma lista de estabelecimentos de abate que atendem as exigências de saúde pública em relação à higiene e controles laboratoriais. 
Histórico da abertura – A decisão anunciada hoje é resultado de muitos anos de trabalho dos governos federal e de Santa Catarina e do setor privado. A primeira missão veterinária do Japão a Santa Catarina ocorreu em dezembro de 2007, quando dois cientistas vieram conhecer a situação da febre aftosa no Brasil. Essa missão já foi consequência da obtenção pelo estado de Santa Catarina da certificação do status máximo “livre de febre aftosa sem vacinação”, ocorrida em maio de 2007. Tal certificação foi concedida pela OIE – Organização Internacional de Saúde Animal.
Somente um ano depois da primeira visita da missão japonesa, em dezembro de 2008, o Ministério da Agricultura, Pesca e Florestas enviou extenso questionário a ser respondido pelo Brasil, documentando de maneira detalhada o sistema produtivo e os serviços públicos federal e estadual de Santa Catarina. Esse passo viabilizou uma análise, em Tóquio, da questão de saúde animal.
Período de esclarecimentos – O Brasil devolveu o questionário devidamente preenchido em março de 2009. Mesmo após esse extenso questionário, o MAFF continuou a solicitar, nos meses seguintes, esclarecimentos e informações adicionais. Somente em setembro de 2011, o MAFF enviou nova missão veterinária para conhecer a situação in loco e confirmar partes da documentação apresentada durante o período todo.
 Muitas viagens ao Japão – Durante estes anos todos, inúmeras viagens a Tóquio foram realizadas por técnicos e dirigentes do governo federal e do governo de Santa Catarina. Diversos ministros de Estado – da Agricultura, das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, visitaram o Japão para tratar do tema, cuja prioridade vinha sendo dada pela embaixada do Brasil em Tóquio. Três governadores de Santa Catarina – Luiz Henrique da Silveira, Leonel Pavan e Raimundo Colombo – estiveram na capital do Japão. A Abipecs e suas empresas associadas também sempre estiveram presentes, garantindo a permanente prioridade política para o melhor andamento dos trabalhos.