Na última década, os países árabes se tornaram um dos principais mercados para o agronegócio brasileiro. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entre 2000 e 2011, as exportações do setor para essa região saltaram de US$ 960 milhões para US$ 10,84 bilhões, uma alta acumulada de mais de 1.024%. “Para o agronegócio, os países árabes são a menina dos olhos”, diz Thiago Masson, coordenador de Assuntos Internacionais da CNA.
De fato, o crescimento médio anual de 21% das exportações do setor nos últimos 12 anos supera a alta das exportações para a União Europeia (10%) e Estados Unidos (6%) no período, e só perde para o crescimento médio das vendas para o mercado chinês (34%). “Isso reduz a dependência do agronegócio brasileiro em relação aos mercados tradicionais, que hoje passam por uma forte crise”, explica Masson.
Com isso, os países árabes ganham cada vez mais peso relativo nas vendas do agronegócio brasileiro. As vendas do setor para os 22 países da Liga Árabe já superam, por exemplo, as exportações agropecuárias para os países do bloco do Mercosul. Só nos dois primeiros meses de 2012, as exportações do setor para os países árabes chegaram a US$ 1,57 bilhão, o que corresponderam a 13,36% das vendas externas totais do segmento.
“É um mercado que, assim como a China, vem passando por um acelerado processo de urbanização, com um crescimento populacional três vezes acima da média mundial, e que segundo o FMI terá um crescimento médio do PIB de 4% a 5% este ano, também muito acima da média global”, diz. “Além disso, é um mercado que importa 90% dos alimentos que consome”.
Caetano Haberli Júnior, especialista em agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, diz que com o crescimento populacional, a segurança alimentar será um fator cada vez mais importante para a estabilidade da região. Segundo ele, o Brasil leva vantagem nesse mercado pela aproximação política com os países árabes e pela grande população brasileira com origem na região.
Dentro da comunidade árabe, a Arábia Saudita responde por 24% das exportações do agronegócio brasileiro para a região, seguida pelos Emirados Árabes e pelo Egito, com 15% cada um; e pela Argélia, com 14%. Os produtos do complexo sucroalcooleiro lideraram as vendas do Brasil, com exportações de US$ 5 bilhões em 2011, seguidos pelas carnes (US$ 4,4 bilhões). No segmento de carnes, as vendas de frango no ano passado somaram US$ 3 bilhões.