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Suínos

Série "A Realidade das Minintegradoras de SC"

Com capacidade de produzir alimentos, não há insumos para compor os silos e repor os estoques.

Série "A Realidade das Minintegradoras de SC"

A forte economia movimentada pelo agronegócio brasileiro fez a região sul do Brasil se tornar especialista em produção de alimentos. Gerar empregos e renda por aqui sempre foi prioridade. Em todo o estado de Santa Catarina ainda é possível ver e acompanhar esse desempenho. Mas, de dois anos para cá, tudo começou a mudar, o que era uma realidade satisfatória, segue agora em nível de desaceleração. 

A TV ACCS foi até o Meio Oeste Catarinense, na cidade de Iomerê. Por lá, aparentemente, as estruturas demonstram o fortalecimento do agronegócio. Silos suficientes para armazenar pelo menos 300 mil sacas de milho e farelo de soja. Mas, no lado de dentro, a ferrugem mostra que tudo está vazio. “É muito desesperador, a gente sente dor no coração de ver essa estrutura conquistada com tanto trabalho, que agora aos poucos precisa ser desfeita, devido à crise intensa”, conta o empresário e suinocultor. Afonso Mugnol.

Sim, essa é a atual realidade da suinocultura brasileira. Com capacidade de produzir alimentos, não há insumos para compor os silos e repor os estoques.  “A estrutura está vazia devido à falta de condições para manter o estoque. Hoje, diferentemente de antes, estamos comprando insumos do dia para a noite. Como conseqüência, silos enferrujados”, acrescenta.

Mas como pode não haver insumos para abastecer a suinocultura, principalmente a do sul do Brasil, maior região produtora, se nas regiões de produção de milho ou farelo de soja, nunca houve tanta produção? O elevado valor dos insumos impede que o produtor, em plena crise, consiga adquirir o produto. E segundo os produtores o governo prefere incentivar a exportação dos insumos ao invés de garantir a produção interna de alimentos. “Infelizmente não temos amparo da parte governamental”, pontua.

Afonso Mugnol é produtor de suínos há mais de 40 anos. Ele gerencia uma minintegradora, que garante renda indireta para mais de 400 famílias catarinenses. Isso porque a crise fez com que pelo menos 57% deste total reduzisse. Ou seja, antes de 2010 eram 700 famílias envolvidas apenas neste negócio.

Segundo Mugnol, o preço do suíno ainda precisa de reajustes. Mas o principal problema é a falta de preços justos pelos insumos. Para abastecer a produção de suínos desta minintegradora, são duas fábricas de ração, duas unidades de silos, dois secadores. São 75 mil cabeças suínas alimentadas diariamente. Seis cargas de milho e farelo de soja chegam por dia na empresa, equivalentes a 32 toneladas, suficientes apenas para um dia nas granjas integradas a minintegradora.  E não há como manter estoque. A única alternativa é desintegração de famílias, a demissão de colaboradores.  E a desistência da produção.  Um cenário que vai ao contrário de tudo que o Brasil faz questão de mostrar.  A força do agronegócio. “Eu vejo como um descaso. O Homem do campo sofre desesperadamente, pois não vê saída para essa falência”, afirma o suinocultor.

Sem alternativas, essa minintegradora, encontra problemas que precisam de solução.

E na próxima reportagem da série, conheça as dificuldades de outra minintegradora de suínos de Santa Catarina. Retrato desesperador. Empresas, famílias e a sociedade estão à beira da falência no estado.

Assista:
http://www.accs.org.br/tv.php?id=107