Impactos do plantio de soja na safra 2012/13 devem refletir na diminuição da área plantada com milho segunda safra, em Mato Grosso. Depois de quatro estimativas divulgadas desde agosto, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revisou para baixo o tamanho das lavouras e consequentemente a produção. A estimativa de novembro, quando comparada às anteriores, traz a área plantada 4,46% menor e a produção reduzida em 4,31%. Na comparação com a safra 2012, a superfície a ser semeada a partir de janeiro do ano que vem, segue como a maior da série histórica local para o milho, no Estado.
Como explicam os analistas do Imea, no Boletim Semanal do Milho, divulgado ontem, a revisão para baixo foi motivada pelas complicações observadas no plantio de soja, que foi retardado em razão da escassez de chuva o que levou a necessidade de replantio da oleaginosa em alguns municípios, levando mais transtornos ao campo. “Essa adversidade revela que a instalação da segunda safra deverá sofrer modificações e a área de milho será diminuída”.
Conforme a estatística de novembro, a área estimada ao milho sai da projeção inicial de 2,92 milhões de hectares para 2,79 milhões de hectares atuais, o que implica em queda espacial de 4,46%. “Dessa forma, a produção do cereal estimada a menos de dois meses do início do plantio é de 13,29 milhões de toneladas que, impactada pela redução da área, também diminuiu 4,31%, ao deixar a estimativa de 13,89 milhões”.
Pelo menos por enquanto, o Imea não revisou a produtividade, que segue mantida em 80 sacas por hectare. Os analistas da cultura argumentam que como haverá redução de área, haverá tempo para que o plantio ocorra dentro da janela ideal – até meados de fevereiro ? o que indica que as lavouras se desenvolverão dentro do intervalo considerado favorável. No entanto, falta avaliar ainda possíveis adversidades durante a colheita da soja – pela intensificação das chuvas – trabalho que se prejudicado, diminuiu a janela ideal do milho e isso impactará novamente sobre a área, a produção e também na produtividade.
A evolução do plantio da soja é o melhor termômetro sobre o que vem na segunda safra mato-grossense. Isso ocorre porque soja e milho ocupam a mesma área no Estado, historicamente, a reutilização dos hectares equivale a pouco mais de 30% da superfície ocupada pela oleaginosa. Enquanto as colheitadeiras retiram a soja do campo, as plantadeiras voltam à ação, desta vez, semeando o milho. Por isso, qualquer atraso na safra principal, prejudica a secundária. A janela do milho se encerra em meados de fevereiro porque o período chuvoso tem de contemplar as lavouras do cereal e no Estado as precipitações não passam do final de abril às primeiras semanas de maio.
2012 – Se todos os novos indicadores ao milho forem comparados com os da safra 2011/12, o diferencial passa para aumento de 11,3% sobre a área, porém com uma produtividade 23,3% menor, e com uma produção diminuída em 14,7%. “No entanto, em um mundo com estoque restrito do cereal, a comercialização da produção mato-grossense já deu sinais de movimentação atingindo 5,8% da produção estimada”, aponta o Boletim.
Na safra passada, de forma inédita, o cereal começou a registrar seus primeiros negócios futuros ainda em setembro de 2011. Para o histórico, a comercialização atual é antecipada e já reflete o temor do mercado por uma oferta menor. Com isso, é esperado o reaquecimento dos preços, tendência que deverá ir se confirmando, na medida em que a soja por deixando o campo.