A taxa de câmbio na casa de R$ 2,10 não agrada o governo e está fora do que o Banco Central considera uma cotação compatível com os fundamentos da economia brasileira. Não há, portanto, intenção de sancionar um novo patamar de câmbio. Na visão de fontes oficiais, o dólar muito acima do que estava há duas semanas – em torno de R$ 2,04 – não traz benefícios para a economia e compromete o controle da inflação.
Para prover liquidez ao mercado o governo começou a desmontar nos últimos dias as medidas de restrição ao ingresso de moeda estrangeira. Ontem, reduziu de dois para um ano o prazo dos empréstimos externos sujeitos à cobrança de 6% de IOF. Na terça-feira, ampliou de um para cinco anos o prazo para antecipação de receitas de exportação, operações que não são sujeitas a tributação do IOF.
Agora a situação mudou. O fluxo de dólares minguou. O saldo de US$ 4,8 bilhões em novembro foi insuficiente para compensar a saída de US$ 5,26 bilhões nos três meses anteriores. A expansão do crédito pelos bancos privados, no segmento de taxas livres, também definhou e não passa de 3% no ano.
Ao mesmo tempo, o mercado passou a testar o teto da suposta banda cambial do BC, num período em que, por razões sazonais, a demanda por dólares cresce para remessas de lucros e dividendos das empresas a suas matrizes no exterior.
O avanço da economia de apenas 0,6% no terceiro trimestre, em relação ao segundo, assustou o governo e induziu o mercado a apostar em nova rodada de desvalorização do real e na retomada da flexibilização monetária, com queda da taxa Selic em 2013.
No governo, a mensagem que está sendo difundida é outra. É hora de ter calma e sangue frio. A recuperação não veio na velocidade esperada, mas isso não significa que os incentivos dados foram inúteis. Os efeitos virão e o importante é viabilizar os investimentos, dizem fontes da área econômica. Mais desvalorização cambial só prejudicaria o investimento e as empresas que têm dívidas em dólar.