Chegando ao final de mais um ano, cabe-nos avaliar os acontecimentos e projetar metas para os próximos 365 dias. 2012, um ano que iniciou-se com a perspectiva de um mercado consistente, um mercado que ao longo dos meses trouxesse remuneração e, assim, tranquilidade ao suinocultor, acabou não se confirmando. Enfrentamos estiagens que derrubaram muitas produções de soja e de milho e, em consequência disso, a elevação dos custos de produção. Também enfrentamos a quebra da safra norte-americana, que se tornou um grande acontecimento e ocasionou agravamento ainda maior; e o embargo a mercados externos, como a Rússia.
Hoje, felizmente, a suinocultura está em processo de recuperação: o suinocultor não trabalha mais no prejuízo e já consegue ter uma pequena margem de lucro, no entanto, não o suficiente para cobrir as perdas enfrentadas desde o primeiro trimestre. Os ganhos ainda são insuficientes para que o suinocultor consiga repor suas economias.
Por outro lado, os produtores de suínos mostraram sua força ao movimento que considero, como representante de cerca de 9 mil suinocultores gaúchos, um divisor de águas: o Ato Público dos Suinocultores Brasileiros, realizado no dia 12 de julho, na capital nacional. Em uma mobilização da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e entidades filiadas – no Rio Grande do Sul, a Acsurs – em torno de 700 produtores de vários Estados, entre homens e mulheres, mostraram a sua cara e a força da suinocultura brasileira em protesto à crise que se alastrava pelo setor.
A partir de então, vislumbramos algumas modificações: reação do mercado e algumas medidas do Governo. Poucas surtiram efeito, mas foram importantes. Uma delas, a que ofereceu certo fôlego ao produtor, foi a prorrogação das dívidas dos suinocultores, porém, apenas para alguns: ao contrário do buscado pela ABCS e afiliadas, a medida beneficiou somente os produtores independentes, deixando de lado os integrados.
Enfim, 2012 mostrou-se um ano de lutas diárias em prol da suinocultura, dos suinocultores gaúchos. Agora, é o momento da recuperação e vejo que a há possibilidade de que esse momento se mantenha por um período maior e é necessário que se mantenha, sim, para que o suinocultor possa realmente se recuperar.
Em relação a 2013, as perspectivas são positivas, porém, é necessária uma visão de cautela. Não vejo baixa nos custos de produção e isso será um desafio para o suinocultor gaúcho. Quanto aos preços pagos ao produtor e a valorização do suíno, acredito que podemos contar com a permanência desses valores, ao menos que cubram os custos de produção e surja uma melhora na margem de lucro ao suinocultor. A suinocultura, de modo geral, devido a essa crise, acabou se ajustando e, como consequência, houve um crescimento um pouco menor da produção interna em relação a anos anteriores e isso faz com que se tenha uma demanda mais ajustada. Enfim, repito: a perspectiva sempre é positiva, mas é preciso cuidado. Precisamos que o suinocultor esteja forte, esteja bem.
E a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – Acsurs continuará buscando os interesses de um todo e o fortalecimento dos produtores gaúchos. Que 2013 venha e traga fartura aos homens e mulheres que, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo setor, não deixam de apostar na suinocultura, atividade responsável pela produção da carne mais consumida no mundo: a carne suína.
Artigo de opinião assinado pelo presidente da Acsurs, Valdecir Luis Folador.