A Abipecs, Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína, divulgou o balanço de 2010.
Em quantidade, as exportações caíram 11% em relação a 2009. Já em faturamento, houve aumento de 9,3% no período.
As exportações consomem 20% da carne suína produzida no Brasil. O restante fica no mercado interno. No estado de São Paulo, os criadores independentes reclamam que os preços estão praticamente os mesmos do ano passado. No entanto, o custo de produção teve uma alta significativa neste período. Em Boituva, os produtores já temem prejuízos.
O criador Fernando Sebastiani cria suínos há 30 anos. Fazia tempo que ele não começava o ano tão preocupado. Na granja, em Boituva, a 122 quilômetros de São Paulo, há 11 mil animais. São mil matrizes que consomem por mês cerca de 450 toneladas de milho. Hoje, ele vende a arroba da carne por R$ 58. Em janeiro do ano passado, vendia por R$ 56. Mas os custos de produção eram bem menores do que os de agora.
“No ano passado, não tivemos preços muito elevados de carne. Mas, em compensação, os insumos estavam baixos. Aquilo mantinha uma lucratividade para a atividade. Hoje, estou zero. Se essa rentabilidade começar a ser negativa, realmente a coisa pode complicar. Não tem o que fazer em relação a redução de custo. Ou continua e aguenta ou para de vez”, disse seu Fernando.
Até setembro do ano passado a intenção do seu Fernando era investir em 2011 na granja e aumentar a produção em até 10%. Mas diante desse cenário de incertezas os planos foram suspensos.
“Nós seguramos tudo e vamos aguardar para ver o que vai dar. Dentro dessa rentabilidade do suíno, não remunera nenhum capital que se possa investir”, completou seu Fernando.
O criador José Ovídio Sebastiani, irmão do seu Fernando, também está preocupado. Nós estamos muito relacionados com o nível de exportação da carne suína. Como o real está muito valorizado, não há uma tendência de haver muito acréscimo na exportação de carne suína. Então, eu acho que o mercado em 2011 vai se manter muito ajustado”, avaliou.
O que pesa mais hoje no bolso dos criadores de suíno é a ração composta por milho. Nós últimos anos cresceram bastante a procura e os preços do milho que será transformado em ração.
“O milho é um cereal procurado no mundo todo. Com o aumento do consumo de carnes, a busca por esse cereal vem crescendo anualmente. Em janeiro do ano passado, pagava-se de R$ 17 a R$ 18 pela saca de 60 quilos. Hoje, paga-se de R$ 27 a R$ 28 a saca”, comparou João Luís de Sousa, gerente comercial.
“O milho é o principal componente na formulação da ração. Ele participa em torno de 65% e representa 70% do custo de produção. Para mantermos a qualidade da carcaça e da carne oferecida ao consumidor, não devemos fazer uma grande substituição. Ele pode ser substituído parcialmente. Nós estamos em função do mercado, mas os pequenos e médios produtores podem se unir para fazer compra em conjunto para ter um poder melhor de compra. Aqueles que queiram comprar em leilões do governo federal, que eles entrem em contato com a associação para ter orientação”, explicou Dagoberto Mariano Cesar, conselheiro da Associação Paulista de Criadores de Suínos.