A grande oferta de suínos no país derrubou os preços para o produtor. O período de festas aqueceu o mercado, mas agora as férias tiveram efeito contrário. Segundo especialistas, os preços só devem reagir a partir do segundo semestre.
Para o criador de suínos Anésio Tribulato, na atividade há mais de 30 anos, o ciclo praticamente não muda: os preços melhoram no final de ano e caem bastante nos primeiros meses do ano seguinte.
“Esse mês de janeiro caiu demais. Eu estava entregando R$ 2,70, passou para R$ 2,40 e hoje está R$ 2,30”, afirma Tribulato.
O Paraná tem o terceiro maior rebanho nacional de suínos, com cerca de cinco milhões de cabeças. Fica atrás de Santa Catarina, que lidera o ranking, e Rio Grande do Sul, inclusive no volume de abate.
No Paraná, os preços fecharam janeiro com alta de 28% com relação ao mesmo período de 2010. Segundo a Secretaria de Agricultura, em dezembro, o quilo do suíno era vendido a R$ 2,75. Na última semana de janeiro, chegou a R$ 2,47.
No Sul, a queda maior nos preços foi no Paraná. No entanto, os principais Estados produtores também registraram baixa nos valores pagos ao produtor em janeiro. A alta dos insumos, como milho e soja, também achatou o preço para o criador.
O produtor Anésio Tribulato calcula que ganha cerca de R$ 0,20 por quilo em relação ao mercado, porque planta todo o milho que os animais consomem. Mas tem custo com a compra da soja, que precisa ser triturada antes de se transformar em ração.
Com 600 fêmeas, a capacidade de produção da granja é de seis mil animais por ano. Tribulato diz que R$ 2,30 centavos o quilo é perda para o setor. Só resta esperar a colheita, quando o preço dos insumos deve cair um pouco.
“Um preço razoável seria entre R$ 2,60 e R$ 2,50. Hoje, no vermelho, não dá para trabalhar. Só que a gente tem que continuar, porque eu não posso desfazer disso aqui. Minha profissão é essa. Eu fiz isso a vida inteira, já sou velho. Como é que eu vou pegar uma máquina e colher soja?”, questiona Tribulato.