Estamos vivendo novamente uma “crise” do setor suinicola Brasileiro, algo de “novo” ou diferente? Não, nada de novo.
A cena se repete boas perspectivas ótimas projeções, exportações aumentando com noticias de novos e grandes mercados, apenas notícias. O mercado interno consumindo volumes cada vez maiores, e vale respeitar aqui as ações feitas para isso, mas temos que admitir que o fator que mais contribuiu para isso foi o aumento do preço da carne bovina.
Período histórico – No segundo semestre as vendas sempre melhoram, os preços aquecem em função das tradicionais festas de fim de ano, alguns dos principais importadores como a Rússia fazem seus estoques para os períodos críticos de inverno, onde nem mesmo os navios conseguem atracarem, normal.
Anormal é achar que as altas dos preços, e estou falando de preço pago ao produtor, são intermináveis a cada venda ou comentário de venda por preço superior. Vira referencia, não levando em consideração o poder aquisitivo da população e a concorrência com as demais carnes, quando a tendência é de alta nos parece que a ordem é restringir as vendas e aproveitar as oportunidades ou “oportunistas” que só compram suínos nestas horas pagando valores extremamente atrativos mas fora da realidade de mercado, e que hoje, bom nem mesmo sei quem é, somem,isso se conseguirem pagar em dia pois um dos princípios destes oportunistas é oferecer o melhor preço, pagar é um caso á parte.
E ao primeiro sinal de estabilidade bate o desespero e os compradores somem, a esperança de manter os preços fazem multiplicar os animais onde o mesmo produto é oferecido á diversos compradores, neste caso, os tradicionais aqueles da hora boa e da hora ruim que muitos já fecharam sua escala de abate, e que pela insistência oferecem preço menor, e que vira igualmente referência, só que desta vez por baixo e ao noticiar faz com que o produtor passe a colocar no mercado não somente os animais ate então vendidos acima de 110kg, mas também com medo da perda, oferecem os de 90kg multiplicando a oferta, vindo a eterna lei do mercado, oferta e procura, e a inevitável queda dos preços. Algo de novo e jamais visto? Não, rotineiro, o agravante foi a não esperada alta do milho que agravou o problema e as tragédias climáticas que dificultaram as vendas e o consumo, apenas agravantes.
Ate quando vamos cometer os mesmos erros, imaginar que a bonança nunca acabe, que as altas são intermináveis e que as alternativas de comercializações são infinitas, podemos leiloar os animais? É importante saber que as várias agroindústrias catarinenses e brasileiras não compram mais suínos, já tem produções próprias.
Espero que um dia possamos aprender com os erros, a pouco tempo escrevi sobre produtor autônomo e independente, parcerias reais e sinceras entre produtor e frigorífico ainda é o melhor caminho. Com certeza a melhor lição é o que já dizia o grande sábio Albert Einstein: “Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes”.
Wolmir de Souza, presidente do Instituto Nacional da Carne Suína (INCS)