A Globoaves, maior produtora de ovos férteis e pintos de um dia da América Latina, está negociando os termos finais de um contrato com o governo de Cuba que deve resultar na construção de uma cadeia completa de produção de aves naquele país. Trata-se de mais um passo na internacionalização da empresa, que tem aviários na Argentina, prepara a instalação de um abatedouro no Paraguai e exporta cerca de 15 milhões de ovos por mês, o equivalente a 25% de sua produção, para países da América Latina, África e Oriente Médio.
Em Cuba, a intenção é fazer transferência de tecnologia, gerir a unidade por um tempo e, depois de entregar a estrutura para ser administrada pelo governo, continuar a enviar ovos a partir do Brasil. Estes seguirão por via aérea, chegarão em cerca de 48 horas ao destino e depois serão levados para o incubatório.
Em abril, o gerente internacional de negócios da Globoaves, Marcos Bertoli, deve voltar ao país, junto com missão do governo brasileiro. Ele espera avançar no detalhamento da negociação, que começou há dois anos e meio e resultou em várias visitas e estudos. O início das obras é esperado para 2012 e uma equipe da empresa deve ser enviada para lá. “Mas os trâmites são demorados”, comenta.
Bertoli conta que hoje Cuba só produz ovos de consumo e todo o frango é importado. A intenção, segundo ele, é que no futuro 30% da demanda por carne de ave seja atendida localmente. No começo, deverá ser criada estrutura para abate de 40 mil aves por dia. O executivo explica que o ovo responde por 40% do custo de produção e que um dos fortes da empresa é a área genética. Ele conta que, nos últimos dois anos, foi a cerca de 30 países para tratar de parcerias em projetos de avicultura e que há conversas em andamento com países como Marrocos, Moçambique, Angola, Chade, Panamá, Namíbia e Peru, entre outros.
Roberto Kaefer, presidente da empresa, afirma que de 2007 a 2010 foram investidos R$ 215 milhões em ampliação de estrutura. A Globoaves, que tem sede em Cascavel (PR), faturou R$ 1,2 bilhão em 2010, 20% mais que em 2009, e para 2011 são esperados R$ 1,4 bilhão. Os ovos férteis e pintinhos de um dia respondem pela metade das receitas, mas a área de produção, abate e venda de carnes tem crescido.
O empresário quer implantar segundo turno em quatro abatedouros, localizados em Bariri (SP), Castelo (ES), Espigão do Oeste (RO) e Lindoia (SP). A unidade de Cascavel já funciona com dois turnos. Hoje a empresa abate 360 mil frangos por dia, sendo 80% para exportação, e 55 mil suínos por mês. Com os planos em andamento, deve chegar a 580 mil aves/dia até o fim do ano.
Kaefer afirma que já exporta carne para Cuba e explica que nas visitas que faz a vários países, a empresa apresenta um programa de avicultura familiar para ajudar a gerar renda para a população. Segundo o empresário, o momento é bom, os preços estão se recuperando e os investimentos estão andando. Questionado se há plano de construir mais abatedouros no Brasil, ele responde que não há previsão para isso, mas acrescenta que pode “aproveitar oportunidades” de compra, sem revelar detalhes.
A empresa aguarda aprovação do BNDES para financiamento da unidade planejada para o Paraguai, que terá capacidade diária de abate de 160 mil aves. O projeto está orçado em US$ 50 milhões e a inauguração está prevista para o fim de 2012.