Os dois principais acordos comerciais firmados pela presidente Dilma Rousseff em sua visita à China, que envolvem contratos de venda de aviões da Embraer e abertura de mercado para a carne suína brasileira, devem representar um incremento razoável nas exportações das empresas diretamente beneficiadas, mas terá peso modesto na corrente de comércio entre os dois países, que fechou 2010 em US$56,3 bilhões, com um salto de US$20 bilhões sobre 2009.
Os contratos fechados pela Embraer garantem encomendas firmes de 20 jatos E-190, cujo valor total alcançaria US$860 milhões. Se os chineses exercerem outras 15 opções de compras incluídas nos documentos, as vendas somarão US$1,5 bilhão. Além disso, a Embraer conseguiu prorrogar uma joint-venture com a estatal chinesa Avic 2 para produção de jatos Legacy.
Festejada por Pedro Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína, como o fim de um impasse que já durava cinco anos, a abertura do mercado chinês ao produto brasileiro deve acontecer aos poucos. Com apenas três frigoríficos autorizados a vender para o país, a expectativa da entidade é que a China responda por um terço das exportações até 2016, o que equivaleria a vendas anuais de US$430 milhões.
Menos animado, José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que os chineses acenaram “apenas com boas intenções”:
“O produtores brasileiros de suínos estão felizes, têm uma avaliação positiva. Mas, por enquanto, é apenas uma fresta, não uma porta para que entrem na China. Eles abrem para os porquinhos, mas quem garante que vão comprar?”