Após uma recente alta apresentada nos preços dos suínos vivos durante os meses de janeiro e fevereiro, os suinocultores gaúchos voltam a ter dificuldades com os preços pagos pelos animais. Alguns produtores chegam a ter prejuízos que variam de R$ 35,00 a R$ 50,00 por animal vendido o que, ao final do mês, acaba causando dificuldades financeiras em seus orçamentos.
Atualmente, o custo de produção, segundo os produtores, está entre R$ 2,50 e R$ 2,60 o kg, enquanto que o preço comercializado está em R$ 2,10. No entanto, nesse período em que foi verificada a queda nos preços pagos aos produtores, o preço pago pelo consumidor na compra da carne suína, no atacado e no varejo, se manteve estável, sem alterações. Além disso, a queda nas exportações nos primeiros quatro meses do ano acabou causando um acúmulo na produção, a qual ficou retraída no mercado interno, diminuindo o preço pago ao produtor.
Com esse panorama há, inclusive, vários produtores desmotivados, tendo em vista a falta de rentabilidade do segmento. A recente prorrogação da isenção do ICMS sobre a carne suína no Rio Grande do Sul, publicada no Diário Oficial na última sexta-feira (06/05), veio em boa hora, pois com a medida, os produtores, nas saídas interestaduais de suínos vivos, ganham em torno de R$ 0,20 pelo quilo do animal. No comércio interestadual, há suinocultores que chegam a vender cerca de 95% de sua produção para outros estados, como Paraná, Santa Catarina e São Paulo, tendo de arcar, inclusive, com todas as despesas de transporte.
Em janeiro desse ano, o preço médio do quilo do suíno vivo não integrado estava em R$ 2,66, enquanto que o integrado era de R$ 2,42. Já em fevereiro, o não integrado caiu para R$ 2,29 e o integrado para 2,24. Em março, nova queda. O não integrado passou para R$ 2,27 e o integrado caiu para R$ 2,10. Na última pesquisa, realizada na semana passada (03 de maio), o não integrado baixou ainda mais, chegando a R$ 2,25.
Queda nas exportações no RS e na participação das exportações do País
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), nos primeiros quatro meses do ano (janeiro até abril), o Rio Grande do Sul exportou 56.076 toneladas de carne suína, enquanto que no mesmo período de 2010, o estado exportou 73.001 ton, apresentado uma queda de 23,18%.
No faturamento, também houve queda neste período, de 8,72%. Neste ano, as exportações gaúchas renderam R$ 163,8 milhões, enquanto que, no ano passado, o valor foi de R$ 179,5 milhões. A queda se reflete também na participação gaúchas no total exportado pelo Brasil. Embora o estado siga como o maior exportador brasileiro de carne suína, essa margem caiu. Em 2010 a participação foi de 38,41% e, nos primeiros meses desse ano, caiu para 33,16%. Desde 2006, quando a participação passou para 48,49%, a mesma vem caindo, ano, após ano.
PNDS busca reverter a situação com ações de incentivo ao consumo
Por esses e outros motivos a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), em conjunto com o SEBRAE Nacional e a CNA estão desenvolvendo, juntamente com as associações estaduais de criadores de suínos, o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), que busca aumentar o consumo de carne suína per capita no Brasil em 2 kg. No Rio Grande do Sul, o PNDS está sendo desenvolvido pela Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) e pelo SEBRAE RS.