O embargo das importações de carnes pela Rússia irá prejudicar principalmente a suinocultura mato-grossense. Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), 93% da produção de suíno exportada pelo Estado vão para o mercado russo. A situação é mais um empecilho para a atividade, que já enfrentava um alto custo de produção aliado à pouca rentabilidade para o produtor. Com essa suspensão, nenhuma unidade frigorífica, seja de carne, aves ou suínos, de Mato Grosso estará habilitada para exportar à Rússia.
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini, 20 empresas estão proibida de exportar para a Rússia. Dessas, 16 são frigoríficos para abate de bovinos, dois de suínos e mais dois de aves. Ele ressalta que o embargo deve servir como alerta para que as indústrias busquem novos mercados compradores. “Temos a informação de que a Rússia em 10 anos pretende deixar de importar e passar a exportar carnes suínas e de aves. Além disso, o país russo quer em 30 anos importar apenas 30% do volume atualmente adquirido de outros países”.
Para o diretor da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, a situação deverá extrapolar a demanda do mercado interno. Segundo ele, para o consumidor a vantagem será a redução de preços das carnes, o que para o produtor significa falta de rentabilidade. “Já estamos vivendo este momento que poderá virar crise se persistirem os embargos”. Rodrigues diz que o setor deverá apresentar ao governo do Estado, nos próximos dias, um documento que oficializa as reivindicações da atividade.
O superintendente regional do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Francisco Costa, acredita que o embargo é o início de uma crise na produção de carnes do país. De acordo com ele, o problema somente será resolvido se houver comunicação direta entre os governos do Brasil e da Rússia.
Pecuária
Das 16 unidades que foram proibidas de exportar à Rússia, seis já estavam inoperante, segundo levantamento da Famato. Aproximadamente 30% das exportações de carne bovina produzida em Mato Grosso iam para o mercado russo. O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, acredita que o embargo não é um procedimento novo adotado pela Rússia.
Vacari diz que a medida é uma estratégia para chamar a atenção e ganhar vantagens na compra da produção brasileira. No total, Mato Grosso exportou US$ 103 milhões em produtos para a Rússia no primeiro quadrimestre deste ano. O volume representa 3,3% do que foi embarcado ao exterior no período.