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Exportação

Exportações à Rússia

Governo decide, sob pressão de industriais e produtores, reduzir para 140 as unidades frigoríficas habilitadas a exportar carnes brasileiras para Rússia.

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Sob pressão de industriais e produtores para tentar acelerar a derrubada do embargo da Rússia às carnes brasileiras, o governo decidiu reduzir, de 210 para 140, as unidades frigoríficas habilitadas a exportar os produtos ao parceiro comercial.

Os russos embargaram as compras de 85 plantas brasileiras desde 15 de junho. Sob o pretexto sanitário, os russos têm usado seu mercado de US$ 4 bilhões para as carnes nacionais para forçar o Brasil a suavizar as exigências nas negociações para seu ingresso na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, anunciou ontem que uma missão brasileira desembarcará na segunda-feira, em Moscou, para dar “todas as explicações técnicas” ao czar da área sanitária russa, Sergei Dankvert. “Eliminamos plantas inadequadas, aquelas que estavam na lista, mas não exportavam havia mais de 18 meses, e exigimos total adequação às normas russas das demais unidades”, disse Rossi.

“Que cada um cumpra sua obrigação. Vamos indicar aqueles que já cumpriram ou se adequaram”. Em audiência na Câmara, produtores e industriais voltaram ontem a cobrar uma solução técnica e política do governo.

O ministro Rossi afirmou ter determinado aos técnicos do ministério que atendam “todas as exigências” da Rússia “sem opiniões ou reclamações” contra um dos maiores clientes das carnes nacionais. E reclamou publicamente da postura da área de Defesa Agropecuária do próprio ministério.

“Não quero opiniões nem discursos de técnicos. Quero explicações técnicas para atender ao cliente”, disse. “Não se faz reclamação contra cliente. Atende-se. Qualquer dono de bar sabe disso. O técnico não pode dizer o que o cliente pode ou não pode pedir”. O ministro também censurou o serviço de tradução dos documentos técnicos enviados a Moscou. Os russo reclamaram da precariedade dos textos. “Um mercado de US$ 4 bilhões não pode ficar sujeito a isso”, afirmou.

O ministro Wagner Rossi informou que a presidente Dilma Rousseff autorizou a imediata modernização e “revisão total” da rede de laboratórios agropecuários para adequá-los aos níveis tecnológicos internacionais. A rede é fundamental para respaldar tecnicamente o programa nacional de resíduos e contaminantes, que garante a sanidade da produção agropecuária exportada. “Temos total respaldo da presidenta Dilma. Ela não pôs limites e autorizou recursos adicionais e já estamos fazendo um projeto”, afirmou ele.

Rossi afirmou, ainda, que, “se for preciso”, o ministério contratará os serviços de laboratórios privados nacionais e internacionais para atender às exigências técnicas de importadores de produtos brasileiros. E voltou a desabafar contra a burocracia do ministério: “Ninguém poderá dar desculpa de não fazer”.

Os acertos para atender às exigências russas, que incluem testes para a presença de elementos radioativos como césio e estrôncio nas carnes nacionais, foram feitos durante a reunião do G-20 Agrícola, realizado na semana passada, em Paris. Rossi fez um acordo “franco e respeitoso”, segundo relatou, com Sergei Dankvert. “Me coloquei à disposição para resolver o assunto pessoalmente em Moscou”, disse.