Pelo menos 5 mil postos de trabalho gerados pela suinocultura ameaçados em Mato Grosso. A informação faz parte de um estudo inédito encomendado pelo Sistema Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso) e pela Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) ao Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgado ontem e traça a realidade da atividade no Estado.
A incerteza é reflexo do recuo do câmbio das exportações à Rússia, principal comprador do produto mato-grossense. O valor gerado pelas exportações de carne suína, de janeiro a maio de 2011, decresceu 26% (R$ 11,17 milhões) em relação ao mesmo período do ano anterior. Caso essa queda persista até o final do ano, aproximadamente 16%, (5,19 mil pessoas) que trabalham direta ou indiretamente no setor podem perder seus postos de trabalho. Isto reduzirá de 32,5 mil pessoas para 27,3 mil pessoas. “Neste momento a Famato e a Acrismat buscam junto aos governos federal e estadual, medidas para conter esta retração. Para que esta situação se reverta precisamos de uma série de ações – como isenções de impostos, definição de preço de pauta de acordo com o mercado e políticas de subsídio ao produtor. Além de buscar novos mercados externos para não ficarmos tão dependentes da Rússia”, aponta o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini.
O estudo mostra que houve queda de 23% no volume total de carne exportada. De acordo com o levantamento, as embarcações russas somaram 87% em 2010. No comparativo de janeiro a maio, as exportações caíram de 8,14 mil toneladas no ano passado, para 6,25 mil toneladas em 2011. Da quantidade enviada àquele país este ano, 89% foi para a Rússia. “É importante salientar que o estudo mostra que já havia uma retração nos meses que antecederam o anúncio da restrição russa, que ocorreu em junho. Provavelmente no levantamento de julho estes números negativos serão ainda mais impactantes”, afirmou o superintendente do Imea, Otávio Celidônio.
Os dados indicam que a atividade caminhava em ritmo acelerado para este ano. O número de abates entre janeiro e abril deste ano atingiu o maior índice desde 2003, chegando 680 mil cabeças. Em comparação com o mesmo período de 2010 houve aumento de 9%. “Isso é um indicativo de que o setor já havia ampliado seu plantel, com uma oferta de animais acima dos patamares anteriores”, explica Celidônio.
O levantamento do Imea mostra ainda que o preço do suíno (kg vivo) em Mato Grosso, corrigido pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços), iniciou 2011 acima da média dos últimos sete anos, de R$ 2,63. No entanto, rapidamente começou a regredir chegando a R$ 1,71 em junho, muito próximo do mínimo já registrado que é R$ 1,49. “A desvalorização implica diretamente nos lucros da produção. Na relação de troca com o milho, até bem pouco tempo precisava-se da venda de 7 quilos de carne para adquirir uma saca de milho. Agora, precisamos de 10 quilos”, disse o diretor- executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues. O milho representa 70% no custo da ração dada aos animais.
O plantel mato-grossense tem aproximadamente 120 mil matrizes, criadas por cerca de 350 produtores.