Uma missão técnica do Ministério da Agricultura está hoje na Rússia para negociar a retomada da venda de carne suína brasileira para aquele país. Segundo o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, será apresentada uma lista com 140 plantas aptas a exportar, ou seja, que atendem aos requisitos impostos pelo mercado russo. O embargo russo à carne suína brasileira, que foi anunciado no início do mês passado, foi imposto a 85 frigoríficos dos estados de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, e vigora desde o dia 15 de junho. A principal razão apontada para a suspensão seria o fato de que o Brasil não estaria inspecionando os abates como deveria.
A medida causou preocupações tanto para a indústria quanto para produtores, uma vez que a Rússia ainda é o principal cliente da carne suína brasileira, com 39,23% de participação nas exportações do produto. Nos cinco primeiros meses deste ano, o Brasil vendeu 84 mil toneladas para aquele país, pelas quais recebeu US$ 261,58 milhões. Além disso, a proibição russa também influenciou a Ucrânia, outro mercado importante para o Brasil, a suspender as importações brasileiras no dia 20 do mês passado.
No entanto, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, as restrições russas ainda não tiveram um efeito forte no total de exportações do setor, já que as empresas do setor realizaram uma antecipação de embarques na primeira quinzena do mês passado. O dirigente está otimista em relação ao levantamento do embargo, mas lamenta que o ministério tenha demorado muito tempo para reagir à medida imposta. “Apenas no dia 22 de junho o Brasil entregou a documentação exigida pelos russos para que pudéssemos começar as negociações”, afirmou Camargo Neto.
Outra reação foi anunciada pelo governo federal na semana passada, quando o ministro da Agricultura divulgou que já negociou com a presidente Dilma Rousseff a liberação de recursos para um plano de atualização de laboratórios de exames da qualidade da carne exportada. O programa deverá exigir cerca de R$ 50 milhões para igualar os laboratórios brasileiros aos de padrão internacional.
Os produtores também estão ansiosos por uma retomada rápida de exportações, esperando uma recuperação dos preços pagos pela indústria, que já estavam muito baixos antes da crise com a Rússia. “A simples notícia do embargo teve como efeito uma queda de R$ 0,50 no preço da carne”, lembrou o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador. Atualmente, os produtores estão recebendo entre R$ 1,60 e R$ 1,70 pelo quilo da carne de suína, enquanto os custos de produção atingem R$ 2,50. “Esperamos que, com a retomada das exportações, o mercado se normalize e as empresas revejam os preços.”