De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a produção de alimentos no Brasil terá que crescer cerca de 40% até 2019 para equilibrar o aumento de 20% na demanda mundial por produtos animais e vegetais ao longo desta década. Dentro deste cenário, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) prepara-se para o desafio com renovação de seus quadros eumdos maiores orçamentos da sua história, R$ 1,8 bilhão, que será destinado a pesquisa e desenvolvimento de novas plantas, aprimoramento animal e tecnologias de manejo no campo e na pecuária. De acordo com o pesquisador da estatal, José Roberto Rodrigues Péres, além do estudo de novas variedades de grãos, mais produtivas e tolerantes a seca, as atuais linhas de pesquisa da instituição focam em alimentos funcionais, com maior teor de nutrientes; agroenergia com novas fontes de matériaprima; genoma funcional para obtenção de plantas transgênicas. “São todas tecnologias portadoras do futuro, que estão na fronteira do conhecimento”, afirma o pesquisador. Péres carrega consigo a história da Embrapa. Entrou na instituição em 1975, e foi pesquisador, coordenador, chefe adjunto, chefe geral, diretor executivo, gerente geral e chefe de gabinete da presidência. Neste período, viu a safra brasileira de grãos saltar de 40 milhões de toneladas por ano e área de 40 milhões de hectares para as atuais 161,5 milhões de toneladas e 48,8 milhões de hectares. Nas explicações para este salto da agricultura nacional, Péres coloca as pesquisas ao lado das políticas públicas, como o principal fator no salto de produção. Segundo ele, o país está preparado para exportar tecnologia agrícola para outras áreas tropicais no mundo, como os países da África. “Podemos fazer isso voltado para o lado social, mas podemos também abrir novos negócios e mercados para o Brasil no agronegócio”, afirma. Tipo exportação Ainda no âmbito internacional, a Embrapa conta hoje com 78 acordos bilaterais com 56 países e 89 instituições instituições estrangeiras, principalmente de pesquisa agrícola, envolvendo principalmente a pesquisa em parceria e a transferência de tecnologia. Além da África, onde o Brasil disputa influência com a China, destaca-se na esfera da transferência de tecnologia para países em desenvolvimento (Cooperação Sul-Sul), por meio da Embrapa Venezuela e da Embrapa Américas, no Panamá. Na avaliação do pesquisador, o grande feito da pesquisa direcionada ao agronegócio no país foi conseguir introduzir o bioma do Cerrado no processo produtivo, região na qual antes só havia pecuária extensiva com baixa produtividade e arroz de sequeiro. Péres admite que o modelo agrícola brasileiro deixou um passivo social e ambiental e o grande desafio hoje é incorporar esses aspectos à produção. “A integração lavoura-pecuária- floresta, verticalizando a produção com boas práticas agrícolas, é o modelo dos próximos 50 anos”, diz. Para manter um ritmo de crescimento na produção agrícola nos mesmos patamares das duas últimas décadas—utilizando menos espaço —, a Embrapa está renovando seus quadros e já contratou mais de mil funcionários nos últimos dois anos. Hoje, a empresa conta com 9.248 empregados, dos quais 2.215 são pesquisadores. No Brasil, são 26 unidades de pesquisa e desenvolvimento.
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Embrapa ganha o mundo
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária foca produção de alimentos e possui um dos maiores orçamentos da sua história, R$ 1,8 bilhão.
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