No Paraná, suinocultores independentes criticam a forma como foi criada a nova empresa, a BR Foods. A associação dos suinocultores também está preocupada com o impacto da concentração de mercado para o setor.
Por exigência do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o proprietário, Nelson Guidone, precisou construir uma caixa séptica para as três residências que existem na sua granja de suínos, em Arapongas. Ele deve gastar mais de R$ 10 mil.
O suinocultor também tem um sistema de escoamento e tratamento dos dejetos suínos. O biodigestor, instalado há quatro anos, desperdiça gás metano porque, segundo ele, a Companhia Estadual de Energia Elétrica não compra seu excedente. O motivo apresentado é de que ele não tem a licença ambiental, uma exigência de lei. Outras melhorias também estariam emperradas porque o IAP não emite o documento ao produtor, que garante, fez o pedido há 12 anos.
“Nós fomos fazer um financiamento no Banco do Brasil, e o banco exigiu a licença ambiental. Quer dizer, uma granja que tem biodigestor, uma granja que faz 35 anos que existe, não poluímos rio, não poluímos a terra, nós queimamos o gás metano através do biodigestor, e o IAP dificilmente aprova pra gente. Eu acho que existe uma dificuldade muito grande para o pequeno produtor”, relata.
O criador critica a liberação pelo governo federal, de uma empresa como a BR Foods. Para ele, o pequeno e médio produtor rural brasileiros é que precisam de atenção.
“Eu acho que as nossas autoridades tinham que pensar mais na região e não financiar grandes empresas. Financiar pequenas empresas que vão dar retorno para a família trabalhando, com funcionários. Assim a região se torna melhor”, conclui.
O Paraná é o terceiro maior produtor nacional de suínos, com 5,5 milhões de animais. Para a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), mesmo permanecendo no mercado com embutidos e processados e não com carne in natura, o impacto da nova empresa pode ser grave.
A APS diz que se preocupa com toda a cadeia produtiva do setor. Dos 30 mil suinocultores comerciais do Paraná, quase a metade trabalha no sistema de integração, e, portanto, eles já estão sujeitos às decisões das empresas. Para a Associação, os independentes são os que podem perder ainda mais porque, se houver problemas para exportar, por exemplo, os produtos serão colocados no mercado interno, causando um efeito dominó, de derrubar os preços de maneira geral.
Os produtores dizem que isso acontece hoje, por isso o mercado de suínos é tão instável, mas eles tem medo de que uma concentração com grande força econômica possa piorar a situação e até inviabilizar a atividade em médio prazo.