Mesmo com o aumento de produção em alguns Estados, a agricultura brasileira, principalmente as culturas de milho, feijão e trigo, sofreram quebras devido a problemas climáticos. Novo levantamento apresentado ontem pela Conab mostra que as perdas com geadas ficaram perto de 1,5 milhão de toneladas nesta safra 2010/11. O aumento de produção em alguns Estados não diminuiu totalmente o impacto negativo na produção total, que recuou 500 mil toneladas em relação à estimativa anterior.
“Detectamos efeitos das geadas do mês passado, em especial nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo e nas culturas do milho e trigo, mas no geral houve uma compensação porque em outras áreas houve um aumento de produção”, afirmou o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
A segunda safra de milho foi semeada no início de janeiro, fora da data estabelecida, e sofreu com excesso de chuvas, comprometendo boa parte da lavoura de Mato Grosso e Goiás. A primeira safra de feijão sofreu com chuvas fortes em São Paulo e o atraso na distribuição de sementes em Minas. Na segunda safra, houve chuvas fortes no Ceará, Santa Catarina e estiagem em Minas Gerais. A colheita do trigo foi prejudicada pela demora do produtor em definir a área a ser plantada e as geadas no Paraná, Mato Grosso do Sul e de São Paulo derrubaram a produtividade nos três Estados para 7%, 16,7% e 5,4%, respectivamente.
Os dados da Conab ainda apontam para um novo recorde na produção de grãos na safra 2010/11, que deve chegar a 161,5 milhões de toneladas, 8,2% a mais que em 2009/10. A área cultivada foi ampliada em 4,7%, para 49,6 milhões de hectares. Segundo a Conab, o resultado ocorreu graças ao aumento da área e a boa influência do clima em algumas regiões. Os principais produtos responsáveis pelo resultado são soja, milho (primeira safra), algodão, feijão e arroz.
O superintendente de Informações de Agronegócios da Conab, Airton Camargo, lembra que o período de plantio influencia diretamente na produção. “Existem datas específicas para plantios para se fugir de intempéries. Se o plantio ocorre após a janela, a produção está sujeita a chuvas e trovoadas”.
Os principais destaques do país, soja, milho, algodão, feijão e arroz terão produções maiores que em 2009/10. Somente o trigo deve ficar abaixo do ano passado.
A produção de soja deve ser a maior da história, chegando a 75 milhões de toneladas. Isso representa aumento de 9,2% sobre 2009/10. O crescimento da produção de algodão deve chegar a 63,6%, para 1,9 milhão de toneladas de pluma. O crescimento da área plantada foi de 67,5%, para 1,4 milhão de hectares. A produção de milho deve atingir 56,3 milhões de toneladas, com área total de 13,6 milhões de hectares.
A área cultivada com arroz em 2010/11 foi de 2,8 milhões hectares, 4% maior que a safra anterior. A produção esperada é de 13,7 milhões toneladas, 17,8% mais. O trigo deve ser o único produto a ter perda de área e produção. Segundo o levantamento, a área para cultivo é 3,2% menor (2 milhões de hectares). A produção deve ser de 5,28 milhões de toneladas, 10% a menos que no ciclo 2009/10. Já o feijão, cultivado em 3,8 milhões de hectares, deverá render 3,7 milhões de toneladas.